A Guerra Mundo

Primeira-ministra lituana em Borodianka, cidade destruída pelas bombas

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A primeira-ministra lituana, Ingrida Simonyte, visitou hoje, na companhia do seu homólogo ucraniano, Denys Chmygal, a pequena cidade ucraniana de Borodianka, próxima de Kiev, destruída pelas bombas e palco de atrocidades durante a ocupação russa.

Chmygal publicou na plataforma digital Telegram fotografias com Simonyte em frente a edifícios esventrados e destruídos, com as janelas escancaradas e enegrecidas pelas chamas.

"Nenhuma palavra poderia descrever o que aqui vi e senti", escreveu na rede social Twitter a chefe do Governo lituano, cujo país é um dos principais apoiantes da Ucrânia contra Moscovo.

Por seu lado, o primeiro-ministro ucraniano classificou Borodianka como "uma das dolorosas feridas no corpo da Ucrânia".

"As consequências da ocupação pelos bárbaros russos são assustadoras", acrescentou.

Situada 50 quilómetros a noroeste da capital da Ucrânia, Borodianka, que tinha 13.000 habitantes antes da guerra, foi ocupada pelas forças russas durante várias semanas até que estas retiraram da região, no fim de março.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, alertou na semana passada que a situação em Borodianka era "ainda mais horrível" que em Bucha, onde cadáveres de civis foram encontrados pelas ruas, alguns empilhados, com sinais de tortura e de execução, e em valas comuns, após a retirada das tropas russas.

Repórteres da agência noticiosa francesa AFP viram em Borodianka, no domingo, uma cidade devastada com escombros espalhados junto a blocos de prédios, com janelas e portas rebentadas por explosões.

"As equipas de socorro continuam a limpar o entulho das casas destruídas", precisou hoje Chmygal.

"Levaremos perante a justiça todos aqueles que são responsáveis por tais atrocidades", frisou.

Agradeceu igualmente à Lituânia por "se ter juntado à investigação sobre crimes de guerra" imputados ao exército russo.

Moscovo negou ter realizado massacres na região de Kiev, condenando o que caracterizou como uma "encenação" orquestrada pelos ucranianos com a intenção de prejudicar a Rússia.

A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou já a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, mais de 4,5 milhões das quais para os países vizinhos, de acordo com os mais recentes dados da ONU -- a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e "desmilitarizar" a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.

A guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 47.º dia, causou um número ainda por determinar de mortos civis e militares e, embora admitindo que "os números reais são consideravelmente mais elevados", a ONU confirmou hoje pelo menos 1.842 mortos, incluindo 148 crianças, e 2.493 feridos entre a população civil.