Pescadores preocupados com "grave situação em que se encontra a pesca dirigida ao espada-preto"
O Conselho Regional da Madeira da Mútua dos Pescadores está preocupado com "a grave situação em que se encontra a pesca dirigida ao espada-preto, tendo em conta a urgente necessidade de renovação deste segmento da frota, amplamente ultrapassado e que já não oferece as condições necessárias de segurança e habitabilidade a bordo, que possam assegurar a continuidade, renovação geracional e o próprio futuro deste método de pesca tão simbólico na Região".
Apontou, por isso, "a necessidade de empreender diversas linhas de acção por forma a dar a conhecer o real estado deste segmento de pesca que ainda assegura muitas dezenas de postos de trabalho, garante um significativo encaixe económico na Região e captura uma das espécies mais emblemáticas".
Esta espécie, para além de ser muito procurada pelos turistas que visitam a Madeira, é uma grande base da alimentação da população local – logo, importa defender, projectar e valorizar. Os apelos são muitos, tanto ao Governo Regional como às autarquias locais, para que se criem apoios à renovação da frota, não só pelas razões já apontadas, mas também por razões de ordem energética tentando diminuir a 'pegada ecológica' de embarcações pesadas e ultrapassadas, com motores que consomem demasiado combustível, algo incompatível com os tempos que vivemos". Conselho Regional da Madeira da Mútua dos Pescadores
Por outro lado, revelou "grandes preocupações com o estabelecimento de zonas interditas à pesca de tunídeos, num raio de 12 milhas em redor das Selvagens".
"Os pescadores entendem ser uma área demasiado vasta e que causará graves problemas ao sector", referiu.
Abordou ainda "as quotas reduzidas para a captura de certas espécies", bem como "a crónica dificuldade de fazer sair o pescado fresco por via aérea, designadamente quando as capturas registam volumes com algum significado, fazendo rapidamente baixar o valor do produto".
Recordou que nos portos da Região Autónoma da Madeira foram descarregadas 5.015 toneladas (ton.) de pescado, em 2021, com um ligeiro crescimento de 3,3% face ao ano anterior. Valores muito abaixo da média nacional, segundo o Conselho Regional da Madeira da Mútua dos Pescadores, onde se registaram aumentos de produção na casa dos 26%. Já o preço médio de 1º venda na região fixou-se em 2,73 euros/kg, quebrando 9,6% em relação a 2020.
Disse ainda que as maiores quebras de produção foram registadas ao nível do espada-preto (-17,4%), acrescentando que todas as outras espécies mais relevantes no arquipélago registaram aumentos importantes: atuns e similares (22%); carapau negrão (20%); cavala (18%); pargos (148%).