Grupo armado que atacou comboio na Nigéria publica novo vídeo dos reféns
Os homens armados que há duas semanas atacaram um comboio na Nigéria, matando pelo menos oito pessoas e provocando a indignação da opinião pública, publicaram hoje um novo vídeo dos reféns.
Um número indeterminado de passageiros foi sequestrado após os assaltantes terem feito explodir os carris para forçar a paragem do comboio, que ligava a capital, Abuja, à cidade noroeste de Kaduna.
Segundo a agência France-Presse, o vídeo, com aproximadamente dois minutos, mostra uma vintena de pessoas sentadas numa região florestada, de entre as quais um refém que parece ser originário do sudeste asiático e um outro que parece ser caucasiano.
Atrás dos cativos, homens fortemente armados mantém-se em fila, enquanto um dos reféns declara: "Somos os passageiros que deixaram Abuja rumo a Kaduna na segunda-feira, 28 de março de 2022. Fomos raptados no caminho [...] Há aqui mulheres e crianças, pessoas idosas com problemas de saúde".
A France-Presse reconhece não poder confirmar de forma independente a autenticidade deste vídeo, que circula nas redes sociais, embora Alwan Ali-Hassan, CEO de um banco nigeriano entretanto libertado pelos assaltantes, apareça ainda nesta gravação, além de numa anterior.
Nenhum grupo conhecido reivindicou o ataque ao comboio, mas o crime deu-se no noroeste da Nigéria, região em que abundam gangues criminosos fortemente armados que se dedicam a ataques, homicídios e sequestros.
A preocupação das autoridades é elevada devido aos métodos utilizados neste incidente, sobretudo a utilização de explosivos, ao estilo do primeiro vídeo e ao sotaque do locutor, que fazem lembrar os terroristas que operam a centenas de quilómetros, no nordeste do país.
O Governador do estado de Kaduna, Nasir Ahmad el-Rufai, já acusou os terroristas de estarem por detrás deste ataque, e vários analistas, além de uma fonte das forças de segurança, apontam mesmo que o grupo radical Ansaru, filiado à Al-Qaida, cooperou com os assaltantes.
Esta célula terrorista separou-se do Boko Haram em 2012 e é o único grupo que se sabe estar instalado há vários anos no noroeste nigeriano.
Já os gangues criminais típicos da região agem por motivos financeiros, sem reivindicações ideológicas 'a priori', mas as possibilidades de se aliarem aos terroristas suscitam crescentes preocupações.
O Presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, apelou em janeiro ao exercício de uma repressão militar mais dura contra os bandos, que o Governo de Abuja passou a designar como "terroristas".
O Presidente, um ex-general com 79 anos, é amplamente criticado pela sua incapacidade de refrear a insegurança generalizada no país.
Além da luta contra o banditismo, o exército nigeriano está disperso por múltiplas frentes, inclusive no nordeste do país, onde enfrenta uma insurreição terrorista há mais de uma década, e no sudeste da Nigéria, agitado por movimentos separatistas.
Desde o final de 2020, os bandos criminosos começaram a visar escolas e raptaram até agora mais de 1.400 estudantes, provocando indignação internacional.
A maioria dos jovens raptados foi, entretanto, libertada, mas centenas permanecem nas mãos dos seus captores.
Com o aumento do número de ataques, formaram-se muitos grupos de milícias para protegerem as populações locais contra os "bandidos", mas alguns foram banidos de vários estados na sequência de acusações de abuso e execuções extrajudiciais.