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Padre pedófilo condenado no Reino Unido recebeu crianças em quarto em Timor-Leste

Foto DR
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Um padre condenado por pedofilia, no Reino Unido, descrito em tribunal como "um predador", admitiu à polícia que durante repetidas visitas a Timor-Leste, ao longo de uma década, recebeu crianças no quarto.

Alguns pormenores das ações de Patrick Smythe, de 79 anos, em Timor-Leste surgiram depois da condenação no tribunal de Leeds a sete anos e meio de prisão por seis crimes de atentado ao pudor e um de tentativa de atentado ao pudor.

"És um pedófilo predador que usou a tua posição para abusar de rapazes que estavam ao teu cuidado", disse o juiz Simon Batiste, na leitura da sentença, na passada semana.

De acordo com o jornal Yorkshire Evening Post, investigadores e procuradores manifestaram-se preocupados com a admissão de Smythe relativamente aos dez anos em que viajou para Timor-Leste e durante o qual disse ter recebido a visita de crianças vulneráveis no quarto de hotel onde estava.

Depois de o arguido ter sido condenado, o procurador Michael Morley requereu uma Ordem de Prevenção de Danos Sexuais (SHPO) para incluir a proibição de viajar para o estrangeiro, depois da libertação. O juiz determinou que depois de cumprir a pena, Smythe vai estar proibido de viajar para qualquer país fora do Reino Unido, da UE ou da América do Norte.

"Durante a entrevista disse que tinha levado crianças para o quarto de hotel para, nas suas próprias palavras, 'lhes mostrar como vive a outra metade'", referiu.

"Isto causou à polícia e à acusação uma preocupação considerável", sublinhou.

Apesar disso, a advogada de Smythe, Susannah Proctor, disse ao tribunal que "não há nenhuma sugestão de que este réu tenha cometido crimes em Timor-Leste".

Smythe foi condenado por crimes que ocorreram nas décadas de 1970 e 1980, durante viagens com rapazes, com idades entre 12 e 16 anos.

Na leitura da sentença, o juiz afirmou que o padre tinha mentido repetidamente no julgamento. "Você é um padre católico. Durante o julgamento negou qualquer crime. Jurou sobre a Bíblia - o livro que você supostamente usou para pregar durante muitos anos - e depois contou uma série de falsidades e mentiras que o júri percebeu", disse.

"Em resumo, o seu depoimento sobre estes crimes é um monte de mentiras", referiu.

Durante o julgamento, três vítimas apresentaram detalhes sobre o impacto dos abusos sofridos, tendo uma delas descrito o padre como "uma besta".

Depois da condenação, o bispo de Leeds, Marcus Stock, disse que "a comunidade católica da diocese de Leeds sente profunda vergonha e tristeza pelos crimes cometidos pelo padre Smythe".

"Como bispo e pastor da diocese, quero expressar as minhas profundas desculpas aos sobreviventes, que agora são adultos, pelos abusos que sofreram em crianças e pela dor que têm sofrido ao longo da vida como consequência de tais graves infrações", de acordo com um comunicado de Stock.

"Agradeço-vos a coragem que demonstraram ao apresentar-se e levar estes crimes à justiça. A diocese de Leeds está empenhada em garantir a segurança e a proteção de todas as crianças, jovens e adultos em risco", acrescentou.

Smythe é autor do livro "The Heaviest Blow -- The Catholic Church and the East Timor Issue", publicado em 2004 e no qual analisa o papel da Igreja durante a ocupação indonésia.