Ryanair com reservas "muito fortes" para verão em Portugal dada a conjuntura
A Ryanair garante ter reservas "muito fortes" de voos para Portugal este verão, considerando que o turismo balnear português será "um dos beneficiários" da recuperação pós-pandemia e das tensões geopolíticas causadas pela guerra da Ucrânia, dada a localização.
"Neste momento, as reservas para lugares como Portugal e Espanha [...] estão muito fortes para este verão. As praias da Europa Ocidental serão as principais beneficiárias tanto da recuperação da covid-19 como da guerra na Ucrânia", declara o presidente executivo do grupo Ryanair, Michael O'Leary, em entrevista à Agência Lusa, em Bruxelas.
Assim, "haverá menos pessoas a viajar na Europa de Leste e mais pessoas na Europa Ocidental, mas ainda não tenho números", acrescenta o responsável da companhia aérea irlandesa de baixo custo.
Segundo Michael O'Leary, antes do início da guerra da Ucrânia, a Ryanair esperava aumentar, este ano, o tráfego aéreo em toda a Europa para 10% acima do que se assistia no pré-pandemia, mas há risco de "essa meta não ser alcançada".
"Antes do covid-19, transportámos 149 milhões de passageiros e esperávamos transportar 175 milhões de passageiros este ano, mas esse número é muito frágil" e depende "se há más notícias na Ucrânia ou sobre o covid-19 no próximo inverno", reconhece.
Já em Portugal, a Ryanair está convicta numa atividade operacional superior ao pré-pandemia.
"Irá crescer acima dos níveis de tráfego antes da covid-19", prevê Michael O'Leary, lembrando ainda a nova base com duas aeronaves na Madeira.
O setor da aviação foi um dos mais afetados pela pandemia, tendo as companhias aéreas europeias perdido cerca de 500 milhões de passageiros entre 2020-2021 em comparação com 2019 e despedido 150 mil funcionários.
Mas com 72,4% da população total na UE com o esquema de vacinação anticovid-19 completo e 52,5% com dose adicional de reforço, o setor aéreo já vê sinais de recuperação, que é afetada contudo pelas tensões geopolíticas devido à guerra da Ucrânia.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.232 civis, incluindo 112 crianças, e feriu 1.935, entre os quais 149 crianças, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
As tensões geopolíticas devido à guerra da Ucrânia também pressionam os preços energéticos, num setor que já estava em crise ainda antes do confronto.
Os preços dos combustíveis dispararam nas últimas semanas e alcançaram os níveis mais altos da última década devido aos receios de redução na oferta provocada pela invasão russa da Ucrânia.
Este aumento dos combustíveis pressiona também o setor da aviação, que ainda está a tentar recuperar das consequências da pandemia de covid-19, o que poderá resultar em bilhetes de avião mais caros.
O combustível representa até 35% dos custos operacionais das companhias aéreas.
As mais recentes previsões internacionais indicam que as transportadoras aéreas europeias não deverão apresentar lucros até 2023 ou 2024, na melhor das hipóteses.