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Ryanair diz que aumento de preços dos bilhetes "é inevitável"

Ainda esta semana a Ryanair iniciou a sua operação de e para a Madeira.   Foto Rui Silva/Aspress
Ainda esta semana a Ryanair iniciou a sua operação de e para a Madeira.   Foto Rui Silva/Aspress

A companhia aérea 'low cost' Ryanair admite que "é inevitável" que os preços dos bilhetes aéreos aumentem de preço, "principalmente das outras" transportadoras, garantindo estar em posição privilegiada por ter 80% do combustível assegurado para um ano.

"Penso que é inevitável que os preços subam no verão, particularmente se o petróleo se mantiver a 100 dólares por barril", afirma o presidente executivo do grupo Ryanair, Michael O'Leary, em entrevista à Agência Lusa, em Bruxelas.

Ainda assim, "a Ryanair está numa situação bastante favorável, na medida em que cobrimos cerca de 80% do nosso combustível até março de 2023 [comprado] a entre 64 e 73 dólares por barril, pelo que pelo menos comprámos o nosso combustível", acrescenta o responsável.

Numa altura em que os valores do Brent batem máximos, Michael O'Leary diz prever "aumentos de preços provenientes principalmente das outras companhias aéreas que não estão bem cobertas e que terão de repercutir estes preços muito mais elevados do petróleo".

"Nós não somos 'price takers' [empresas que aceitam o preço formado no mercado] e, por isso, gerimos o nosso negócio para preencher os nossos voos", ressalvou Michael O'Leary, nesta entrevista à Lusa.

A inflação é, por estes dias, mais acentuada no que toca aos preços energéticos, tendo os preços dos combustíveis disparado nas últimas semanas e alcançado os níveis mais altos da última década devido aos receios de redução na oferta provocada pela invasão russa da Ucrânia.

Este aumento dos combustíveis pressiona também o setor da aviação, que ainda está a tentar recuperar das consequências da pandemia de covid-19, o que poderá resultar em bilhetes de avião mais caros.

O combustível representa até 35% dos custos operacionais das companhias aéreas.

Na entrevista à Lusa, Michael O'Leary revela ainda que a guerra da Ucrânia levou ao cancelamento dos voos da companhia aérea de baixo custo de e para o país, num total de mais de 2.000 voos cancelados entre 24 de fevereiro e 26 de março (com média de 50 rotas diárias) e num total de cerca de 300 mil passageiros só em março.

Além disso, "tem havido um declínio no tráfego com destino à Europa Oriental, como para a Polónia, e o número de visitantes para a Polónia, para a Eslováquia e Roménia e os Estados Bálticos estão em baixa", destaca.

Por seu lado, "há um aumento do número de voos para fora desses países, principalmente de refugiados ucranianos que tentam encontrar-se com amigos e familiares por toda a Europa", conclui o responsável irlandês.

As mais recentes previsões internacionais indicam que as transportadoras aéreas europeias não deverão apresentar lucros até 2023 ou 2024, na melhor das hipóteses.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.232 civis, incluindo 112 crianças, e feriu 1.935, entre os quais 149 crianças, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

As tensões geopolíticas devido à guerra da Ucrânia têm afetado o mercado energético europeu, já que a UE importa 90% do gás que consome, sendo a Rússia responsável por cerca de 45% dessas importações, em níveis variáveis entre os Estados-membros.

A Rússia é também responsável por cerca de 25% das importações de petróleo e 45% das importações de carvão da UE.