Guterres condena ataque a hospital em Mariupol e pede fim do conflito
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, condenou hoje o bombardeamento a um hospital em Mariupol, onde estão localizadas maternidades e alas pediátricas, considerando-o "horrível", e voltou a pedir o fim da "violência sem sentido".
"Os civis estão a pagar o preço mais alto por uma guerra que não tem nada a ver com eles. Esta violência sem sentido deve parar. Acabem com derramamento de sangue agora", afirmou António Guterres numa pequena mensagem publicada no Twitter.
Também a diretora executiva da Unicef, Catherine Russell, disse estar "horrorizada" pelo ataque à unidade hospitalar.
"Ainda não sabemos o número de vítimas, mas tememos o pior", referiu em comunicado Catherine Russel, destacando que o bombardeamento deixou crianças e mulheres em trabalho de parto sob os escombros do edifício.
A líder do Fundo das Nações Unidas para a Infância disse ainda que o ataque "ressalta o terrível preço" que a guerra "está a provocar às crianças e famílias da Ucrânia".
"Em menos de duas semanas, pelo menos 37 crianças foram mortas e 50 feridas, enquanto mais de um milhões de crianças fugiram da Ucrânia para países vizinhos", observou.
Já a Organização Mundial da Saúde (OMS) repetiu o seu apelo a uma resolução pacífica do conflito, condenando o ataque contra o hospital pediátrico.
"Estamos cientes de relatos perturbadores de um ataque a uma maternidade em Mariupol. A OMS condena inequivocamente qualquer ato de violência contra unidades de saúde e seus pacientes", lamentou no Twitter o diretor-geral da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Pelo menos 17 adultos ficaram feridos no bombardeamento de hoje a um hospital pediátrico em Mariupol, no sudeste da Ucrânia, pelas forças russas, segundo fonte oficial que adiantou não haver até agora registo de crianças entre as vítimas.
"Há 17 feridos confirmados entre os funcionários do hospital", revelou Pavlo Kirilenko, fonte oficial regional, citado pela agência France Presse (AFP).
Segundo o primeiro relatório deste ataque aéreo russo à cidade portuária no sudeste da Ucrânia, não há crianças entre os feridos e "nenhuma morte".
A mesma fonte tinha divulgado na sua página na rede social Facebook, minutos antes, que "instantaneamente tudo ficou destruído" após o ataque russo.
Também o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, denunciou o ataque aéreo russo contra aquelas instalações em Mariupol e apelou novamente ao encerramento do espaço aéreo ucraniano.
"Ataque direto das tropas russas a maternidade. Há pessoas, crianças debaixo dos escombros. A atrocidade! Quanto tempo mais o mundo será cúmplice ignorando este terror? Fechem o espaço aéreo já", escreveu Zelensky no Twitter.
No vídeo divulgado pela presidência ucraniana, vê-se o interior dos edifícios destruídos, com destroços, folhas de papel e pedaços de vidro espalhados pelo chão.
Noutro registo em vídeo, mas com imagens de fora dos edifícios, divulgado pela polícia nacional, divulgado no Facebook, aparecem vários carros carbonizados e uma cratera de um rebentamento.
Cerca de 1.300 habitantes desta cidade ucraniana já morreram em bombardeamentos e ataques das forças russas desde o início da invasão, revelou também hoje o vice-presidente da Câmara, Piotr Andriushchenko.
"Durante o período de bloqueio e genocídio da Federação Russa, já morreram 1.300 habitantes da cidade. Lutaremos por cada um deles", assegurou o autarca na sua página no Facebook, divulgando dados preliminares.
Piotr Andriushchenko alertou que as forças russas "começaram a usar ativamente o bombardeamento aéreo" e que "deixaram de esconder o seu objetivo de destruir totalmente a cidade.
Cerca de 300.000 civis estão 'presos' há vários dias devido aos combates no porto estratégico de Mariupol, no mar de Azov, ficando privados de água, alimentos, eletricidade e ajuda humanitária.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 516 mortos e mais de 900 feridos entre a população civil e provocou a fuga de mais de 2,1 milhões de pessoas para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.