Mais de 1.800 manifestações antiguerra registadas em todo o mundo
Mais de 1.800 manifestações antiguerra e em solidariedade com a Ucrânia foram registadas em todo mundo, desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro e até 04 de março, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.
"[...] O ACLED registou mais de 1.800 manifestações em apoio à Ucrânia e contra a agressão russa em todo o mundo. Durante esse período, foram relatadas manifestações em pelo menos 93 países e territórios", adiantou a organização não governamental (ONG) especializada em recolha e análise de dados sobre violência política e protestos.
Quase todas as manifestações ocorridas fora da Ucrânia -- mais de 99% -- foram pacíficas, segundo a ONG.
"Pelo menos 150 manifestações foram realizadas na Rússia, 95% das quais foram intervencionadas pelo Estado, com um grande número de detenções e alguns relatos de violência", indicou o ACLED, acrescentando que o país liderado por Vladimir Putin é "responsável por 88% de todos os protestos antiguerra que desencadearam intervenção estatal, a nível global".
As forças russas intervieram também em cerca de cinco manifestações anti-invasão em áreas ocupadas da Ucrânia. Na região de Zaporizhzhia, abriram fogo contra manifestantes, ferindo vários.
"A resposta do Estado na Rússia é a segunda repressão mais significativa à atividade de manifestação no país desde que a cobertura do ACLED começou em 2018, eclipsada apenas pelo nível estatal nas manifestações contra a prisão do destacado dissidente Alexei Navalny em janeiro de 2021", anotou a ONG.
Fora do território russo, indicou, a esmagadora maioria das manifestações -- 98% -- aconteceram sem intervenção do Estado.
"As exceções abrangeram protestos envolvendo atos de pichagem [inscrições em muros ou outras superfícies] fora das embaixadas russas e em monumentos, bem como alguns confrontos com a polícia, que originaram um pequeno número de detenções em vários países", sustentou.
No Cazaquistão, por exemplo, manifestantes foram detidos por realizar um protesto "não autorizado" junto ao consulado russo em Almaty. A intervenção das autoridades cazaques ocorreu menos de dois meses depois daquele país ter pedido ajuda à Rússia para reprimir um movimento antigoverno.
Também hoje, a Human Rights Watch (HRW) denunciou que as autoridades russas prenderam de forma "arbitrária e violenta" milhares de manifestantes pacíficos contra guerra na Ucrânia, em várias cidades da Rússia.
Em comunicado, a HRW acusa a polícia russa de ter usado força excessiva na detenção dos manifestantes e de, em vários casos, ter infligido aos detidos abusos que equivalem a torturas ou tratamentos desumanos e degradantes, situação que foi relatada pela organização não-governamental (ONG) russa OVD-Info, especializada em monitorizar manifestações.
De acordo com a ONG russa OVD-Info, 13.500 pessoas foram detidas de forma arbitrária desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, em 24 de fevereiro, entre as quais 113 crianças.
A guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 14.º dia, provocou um número ainda por determinar de mortos e feridos, que poderá ser da ordem dos milhares, segundo várias fontes.
Embora admitindo que "os números reais são consideravelmente mais elevados", a ONU confirmou hoje a morte de pelo menos 516 civis, entre os quais 41 crianças.