A Guerra Mundo

Máquina de propaganda de Putin tenta atingir UE há décadas

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A comissão do Parlamento Europeu sobre a desinformação considera que a "máquina de propaganda" do Presidente russo, Vladimir Putin, não foi apenas ativada aquando do início da guerra na Ucrânia, tentando atingir "há várias décadas" a Europa.

"A máquina de propaganda de Putin não foi apenas ligada a 24 de fevereiro, quando ele atacou a Ucrânia. Ele tem vindo a trabalhar na Europa há várias décadas na tentativa de envenenar e dividir as nossas sociedades", criticou a eurodeputada Sandra Kalniete, responsável pelo relatório final desta comissão parlamentar.

Falando em conferência de imprensa à margem da sessão plenária da assembleia europeia, na cidade francesa de Estrasburgo, a relatora da comissão especial do Parlamento Europeu sobre a ingerência estrangeira em processos democráticos na União Europeia, incluindo a desinformação, condenou o ataque russo à Ucrânia e admitiu que as notícias falsas propagadas pelo regime russo no espaço europeu já eram anteriores.

"Temos de atuar contra aqueles que promovem interferência estrangeira para fazer lavagem cerebral e manipular as mentes europeias. A Rússia é responsável pela maior parte, mas também a China", condenou Sandra Kalniete.

Realçando que "a desinformação é apenas a parte visível do iceberg", a responsável apontou também que "há uma enorme parte invisível [de propaganda], um corpo com sistema nervoso, que são plataformas e diferentes ferramentas cibernéticas, e um sistema de circulação sanguínea, que é o dinheiro".

"O que não é permitido 'offline', não deve ser permitido 'online', o nível de responsabilidade deve ser o mesmo", salientou ainda.

Em causa está o relatório final desta comissão especial do Parlamento Europeu, documento no qual estes eurodeputados admitem estar "profundamente preocupados com a crescente incidência e a natureza cada vez mais sofisticada das tentativas de interferência estrangeira e de manipulação de informação, conduzidas esmagadoramente pela Rússia e pela China e visando todas as partes do funcionamento democrático da União Europeia e dos seus Estados-membros".

O documento, que está a ser debatido neste plenário do Parlamento Europeu e que tem em conta o contexto antes da guerra na Ucrânia, também "condena veementemente os esforços do Kremlin [Presidência russa] para instrumentalizar as minorias nos Estados-membros da UE, implementando designadas políticas compatriotas, particularmente nos Estados Bálticos e nos países vizinhos de Leste, como parte da estratégia geopolítica do regime de Putin".

Para os eurodeputados, este tipo de ações de Moscovo visam "dividir as sociedades na UE, a par da implementação do conceito de 'mundo russo', com o objetivo de justificar as ações expansionistas do regime".

Até porque, lembra a comissão parlamentar, "muitas fundações privadas, empresas privadas, organizações dos meios de comunicação social e organizações russas ou são estatais ou têm laços ocultos com o Estado russo".

Os eurodeputados consideram, por isso, ser "da maior importância, ao encetar um diálogo com a sociedade civil russa, diferenciar entre as organizações que se mantêm afastadas da influência governamental russa e as que têm ligações com o Kremlin", salientando existirem "provas de interferência e manipulação russa em muitas outras democracias liberais ocidentais".

O relatório surge numa altura de confronto armado na Ucrânia e em que aumenta a propaganda russa contra o ocidente.