OMS denuncia grave pressão sobre a saúde ucraniana
A Organização Mundial da Saúde (OMS) denunciou hoje que o sistema de saúde da Ucrânia está sob uma "grave pressão" devido à invasão russa e defendeu a necessidade de estabelecer um corredor humanitário seguro.
"Há uma escassez de materiais médicos essenciais para salvar vidas como oxigénio e insulina, equipamento de proteção individual, material cirúrgico, anestesia e produtos sanguíneos", apontou em conferência de imprensa o diretor regional da OMS-Europa, Hans Kluge, citado pela agência espanhola EFE.
Para a OMS-Europa, as principais prioridades passam por assegurar a chegada de material médico à Ucrânia, que os países vizinhos tenham a infraestrutura e competência necessários para atender aos refugiados e assegurar a resposta às necessidades imediatas dentro da Ucrânia através do centro de operações instalado no oeste do país.
Entretanto, já entraram na Ucrânia dois carregamentos da OMS com 76 toneladas de suprimentos para emergência e trauma, bem como frigoríficos, congeladores e gelo, estando mais a caminho com suprimentos adicionais e 500 concentradores de oxigénio.
A OMS-Europa assegurou que está a responder às necessidades mais urgentes dentro do país, com o envio de materiais, programas de capacitação e dotação de pessoal através da mobilização de equipas médicas.
O diretor regional disse ainda que será um grande desafio assegurar o tratamento de pessoas com necessidades de saúde a longo prazo como cancro ou diabetes, devido à quebra das linhas de abastecimento.
Segundo a OMS, foram confirmados 16 ataques a unidades de saúde na Ucrânia, incluindo episódios de violência física e psicológica e de impedimento à sua atividade.
Os ataques decorreram em grandes cidades e na linha da frente do conflito e provocaram nove mortes e 16 feridos, explicou a responsável de Emergências da OMS-Europa, Catherine Smallwood, sem revelar a localização exata das instalações afetadas, por motivos de segurança, ou os autores das agressões.
"Não deveria ser necessário dizer que os trabalhadores de saúde, hospitais e outras instalações médicas nunca devem ser um objetivo, incluindo durante crises e conflitos, acrescentou Hans Kluge.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que, segundo as autoridades de Kiev, já fez mais de 2.000 mortos entre a população civil.
Os ataques provocaram também a fuga de mais de 1,7 milhões de pessoas para os países vizinhos, de acordo com a ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.