Dezenas de pessoas manifestaram-se hoje no Funchal contra a discriminação laboral
A CGTP, através da União de Sindicatos da Madeira, promoveu uma arruada no Funchal em defesa da igualdade laboral para assinalar o Dia da Mulher
A Comissão para a Igualdade entre Mulheres e Homens da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP), através da União de Sindicatos da Madeira (USAM), promoveu esta terça-feira, 8 de Março, uma arruada no Funchal contra a discriminação laboral entre homens e mulheres. A iniciativa para assinalar o Dia Internacional da Mulher contou com a entrega da moção ' A igualdade tem de existir para o país evoluir' na Assembleia Legislativa da Madeira.
Mais de 40 pessoas percorreram diversas ruas da capital madeirense, entre a Avenida Arriaga e o Instituto de Emprego da Madeira, entoando as suas reivindicações em defesa da igualdade laboral e o fim das discriminações.
Maria José Afonseca da CGTP explica que defendem um salário igual para trabalho igual; o aumento geral dos salários e das pensões; 35 horas de trabalho para todos, sem perda de retribuição; horários de trabalho que permitam a conciliação da vida laboral com a vida pessoal; a revogação dos regimes de adaptabilidade e de banco de horas; a revogação da norma da caducidade das Convenções Colectivas de Trabalho; o fim do trabalho precário e a paz no mundo.
Aos jornalistas, Maria José Afonseca disse que "as mulheres trabalham mais horas e ganham cerca de 14% a menos que os homens", denuncia que "os horários estão desregulados, sendo que os trabalhadores em geral, as mulheres em específico, não conseguem conciliar o trabalho com a vida pessoal" e apela à revogação da norma da caducidade das Convenções Colectivas de Trabalho, acusando que o facto da situação laboral "estar degradada tem a ver com a caducidade dos contratos".
Na moção hoje entregue, a CGTP aponta que o ganho médio mensal das mulheres "continua a ser inferior ao dos homens no exercício de funções profissionais iguais ou de igual valor", a desregulação dos horários de trabalho "com a consequente desarticulação da vida familiar e pessoal", que a pressão e o assédio no trabalho "continuam a incidir em maior número sobre as mulheres", denunciando ainda que as más condições de trabalho existentes "são potenciadoras de doenças profissionais".
A arruada contou com dezenas de pessoas, entre homens e mulheres, que destacavam a importância de lutar pelos direitos das mulheres.
Já reformado, José António Jardim lamenta a actual situação laboral em Portugal, acusando antigos governos de "rebentarem com a contratação colectiva", afirmando que os direitos das mulheres a nível laboral hoje em dia "estão piores que há 25 anos", quando os direitos estavam consagrados. "Hoje passam um cilindro compressor por cima de tudo isso [dos direitos]", repara.
Infelizmente o governo do PS não quer resolver a contratação colectiva, o que dá azo a que hoje as mulheres não tenham horários que possam conciliar com a vida pessoal, ganhem menos que os homens, enfim. Hoje em dia é uma selva, é baseado no salário mínimo que não dá para nada. José António Jardim
José António Jardim foi activista, dirigente e delegado do Sindicado da Hotelaria durante 35 anos. Hoje, diz-se "solidário com a luta das mulheres, dos jovens e daqueles que são explorados nas empresas".
Fátima Velosa participava na arruada para "dar apoio a todas as mulheres", apelando a que "não tenham medo de lutar pelos seus direitos"
Por sua vez, Daniela Gouveia, funcionária pública, destaca a importância da iniciativa para impulsionar "a igualdade entre homens e mulheres, garantindo direitos no trabalho e na vida pessoal" e lamenta que ainda existam mulheres a serem discriminadas no meio profissional: "Fazem tudo como a entidade patronal quer e não lutam pelo que devem lutar, faço o possível para mudar essa mentalidade sempre dentro dos direitos e deveres do trabalhador".
A 9.ª edição da Semana da Igualdade, promovida pela Comissão para a Igualdade entre Mulheres e Homens da CGTP, decorre até 11 de Março em todo o País.
Semana da Igualdade arranca segunda-feira no Funchal
Iniciativa da Comissão para a Igualdade entre Mulheres e Homens decorre em todo o País