O dia mundial da Mulher foi comemorado pela primeira vez a 19 de março de 1911 na Áustria, Dinamarca, Alemanha e Suíça. Desde esse ano, o dia tem vindo a ser comemorado em vários países do mundo, de forma a reconhecer a importância e contributo da mulher na sociedade. Outro dos objetivos por detrás da origem do Dia Internacional da Mulher é recordar as conquistas das mulheres e a sua luta contra o preconceito, seja racial, sexual, político, cultural, linguístico ou económico.

Desde o ano 2020 temos vivido situações que eram impensáveis, com a sensação que a linha do tempo retrocedeu como se estivéssemos atualmente num cenário cinematográfico, voltando as épocas das pestes e das guerras mundiais. É fundamental refletirmos no papel de todos nós na comunidade, mas temos de ter a consciência que a Mulher em todos estes cenários teve, tem e terá um papel fundamental para vivermos com mais amor, paz e harmonia.

Na pandemia as Mulheres tiveram de se adaptar a novas realidades de uma forma abruta. As profissionais da área da saúde que estavam na linha da frente e não só, muitas tiveram dias, semanas e até meses sem a companhia, o carinho, o abraço dos seus filhos e familiares, ou seja, ficaram privadas dos afetos da sua família para estarem disponíveis a 100% para cuidarem os outros. Mulheres que passaram a estar em teletrabalho, terem de acompanhar os filhos na escola à distância, gerir situações de conflito familiar, executar as tarefas domésticas e por vezes ajudar os familiares mais frágeis e idosos. Foram e continuam a ser tempos muitos difíceis estamos perante uma pandemia ainda com muitas incertezas, que infelizmente continua a ter muitas repercussões negativas na vida das mulheres quer a nível da saúde e socioeconómicas. De acordo com os últimos estudos houve um agravamento das doenças mentais nas mulheres com aumento significativo de casos de ansiedade, ataques de pânico, depressões muitas vezes causadas pelo aumento da violência doméstica e dos divórcios, diminuição dos rendimentos em consequência do ‘lay-off’ e desemprego. Mas apesar de todas as adversidades em muitas famílias e na sociedade a Mulher continua a ser o pilar para que haja esperança no futuro.

No tempo atual em que estamos a viver uma guerra, algo que era impensável que viesse acontecer em pleno século XXI, mas infelizmente a ganância pelo poder fala mais alto e faz com que uma pessoa tome decisões de destruição em todos os aspetos. Temos assistido à forma tão cruel a separação das famílias, são vidas suspensas pela guerra enquanto que os homens, pais de família, filhos e irmãos têm de ficar na Ucrânia para defender a sua pátria, as mulheres, que são mães, filhas e irmãs têm de se deslocar quilómetros para conseguirem chegar a países à procura de segurança principalmente para os seus filhos que são o tesouro mais precioso que têm. Não será fácil para os homens verem as suas famílias partirem mas para as mulheres apesar de estarem com os seus e filhos ou os familiares mais frágeis o quão difícil será terem de enfrentar a partida para o desconhecido, não sabendo o que será o dia de amanha é um sofrimento atroz em que tem de resgatar todas as energias para, com um sorriso no rosto mas com o coração partido, tentarem explicar aos seus filhos o que esta acontecer de uma forma singela, que parece que vai correr tudo bem que terá um final feliz como as historias infantis. Nesta caminhada as Mulheres com a sua serenidade continuam a olhar em frente sempre com a confiança que vai correr tudo bem.

Neste dia é pertinente homenagear as Mulheres que fazem parte da nossa vida que são autênticas heroínas muitas ainda tem presente na sua memória as privações que passaram em consequência da 2ª guerra mundial. Em que tinham de obter uma senha para terem direito a alguns bens alimentares que na maior parte das vezes eram insuficientes para alimentar a família numerosa situação mais recorrente na cidade, foram tempos de muita miséria, com muitos idosos, principalmente mulheres, a pedirem esmola nas portas das igrejas para poderem matar a fome da sua família. Nas zonas rurais por norma as famílias tinhas fazendas das quais conseguiam obter alimentos, apesar de não ser em abundância, mas com muito suor e lagrimas conseguiam o sustento da sua família. Nestas épocas a Mulher desempenhava um papel fundamental no seio familiar, por normas as famílias eram numerosas, em que tinham de gerir toda a vida domestica, a educação dos filhos, idas á fazenda, tratar do gado e para obter uns míseros tostões passavam os serões a bordar com a luz de um candeeiro a petróleo.

Muitas já partiram, mas continuam presentes nos nossos corações e nas nossas memórias, agradeço a oportunidade de as ter conhecido e a grande importância que continuam a ter na minha vida.

Salvador Freitas