A Guerra Mundo

Reino Unido diz que só aceitará "verdadeiros refugiados" da guerra

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Foto AFP

O vice-primeiro-ministro britânico, Dominic Raab, afirmou hoje que o Reino Unido só aceitará "verdadeiros refugiados" da guerra na Ucrânia, após a França ter criticado a recusa de Londres à passagem por Calais de 150 ucranianos sem visto.

"Se simplesmente abrirmos as portas, não só não estaremos a beneficiar as pessoas que precisam, os verdadeiros refugiados, como acho que minaremos o apoio popular a este assunto, e acho que isso não é correto", disse Raab à BBC.

"Precisamos de ter a certeza de que agimos a favor de quem precisa do nosso apoio", acrescentou o vice-primeiro-ministro, assegurando que o Reino Unido pretende acolher até 200 mil ucranianos por via do reagrupamento familiar com pessoas que já se encontram no país.

O governante observou ainda que os ucranianos que procuram refúgio em solo britânico podem seguir a "rota humanitária, que não tem limitações".

O ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, exigiu a Londres uma solução imediata para permitir a concessão de visto aos ucranianos que se dirigiram ao porto de Calais para atravessar o Canal Mancha.

Dos cerca de 400 ucranianos que chegaram até agora ao local, cerca de 150 estão bloqueados por falta de autorização, disse Darmanin, que critica a indicação dada por Londres a essas pessoas para que se dirijam aos consulados de Paris ou Bruxelas para solicitar vistos.

"Basta!", disparou o ministro francês numa entrevista transmitida pelas cadeias CNews e Europa 1, defendendo que "há que acabar com a burocracia minuciosa" dos britânicos.

Questionado sobre esta situação, Raab sustentou que o Governo britânico "vai trabalhar com as Nações Unidas e outras agências, e também com indivíduos, empresas e organizações de caridade", para ajudar os refugiados.

"Oferecemos 220 milhões de libras (cerca de 265 milhões de euros) em ajuda humanitária que irá diretamente para os ucranianos, mas também para os países que acolhem refugiados", disse o ministro da Justiça britânico.

"Nessas situações de conflito, a maioria das pessoas geralmente quer permanecer no seu país de nascimento e origem ou, então, ir para um país próximo, para poderem regressar. Acho que é isso que podemos esperar com a Ucrânia", acrescentou Raab.

A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que, segundo as autoridades de Kiev, já fez mais de 2.000 mortos entre a população civil.

Os ataques provocaram também a fuga de mais de 1,5 milhões de pessoas para os países vizinhos, de acordo com a ONU.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.