A Guerra Mundo

Rússia está a "aperceber-se de custo real da guerra"

Foto EPA/SERGEI KHOLODILIN/BelTA
Foto EPA/SERGEI KHOLODILIN/BelTA

A Rússia está a "aperceber-se do custo real da guerra", perante a resistência da Ucrânia, e as negociações entre as delegações dos dois países começam a ser "construtivas", afirmou ontem um negociador ucraniano.

Questionado na cidade ucraniana de Lviv pelo diário canadiano The Globe and Mail, Mykhailo Podolyak, apresentado como um colaborador próximo do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que está a começar a ver uma mudança na atitude russa em relação à resistência ucraniana e às sanções internacionais.

"No início da guerra, [os russos] insistiam num domínio total. Não esperavam uma resistência tão forte da Ucrânia", declarou Podolyak.

"Eles só agora estão a começar a aperceber-se do custo real da guerra. E nós começamos agora a ter negociações construtivas", acrescentou o responsável, que participou nas duas primeiras sessões de negociações entre a Rússia e a Ucrânia, na fronteira com a Bielorrússia.

Uma terceira sessão de conversações deverá realizar-se na próxima segunda-feira, segundo a delegação ucraniana.

Os russos "perderam enormes quantidades de equipamento e pessoal. Sanções como nunca vimos estão a destruir a sua economia. O seu país está excluído da cena internacional e a sua propaganda não funciona", sustentou.

Podolyak reiterou o pedido de criação de uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia, rejeitado pela NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte), o que provocou uma forte reação do Presidente Zelensky, criticando a Aliança Atlântica por dar "'luz verde' à continuação dos bombardeamentos".

Embora sublinhando que as duas partes nas negociações acordaram não discutir pormenores das reuniões, Podolyak indicou que os objetivos ucranianos continuam a ser um cessar-fogo imediato, garantias de segurança de que a Ucrânia não será novamente atacada e compensações "significativas" pela perda de vidas humanas e danos materiais nas cidades ucranianas.

A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamentos em várias cidades.

As autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças, e, segundo a ONU, os ataques já fizeram mais de 1,2 milhões de refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia, entre outros países.

O Presidente russo, Vladimir Putin, justificou a "operação militar especial" na Ucrânia com a necessidade de desmilitarizar e "desnazificar" o país vizinho, afirmando ser a única forma de a Rússia se defender e garantindo que a ofensiva durará o tempo necessário.

O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu enviando armamento para a Ucrânia e reforçando sanções económicas e financeiras para isolar ainda mais Moscovo.