A insustentável insensatez da ameaça

Sergei Lavrov (SL), ministro dos Negócios Estrangeiros de Putin, disse em entrevista à Al Jazeera que o presidente dos EUA Joe Biden “tem experiência e sabe que não há alternativa às sanções, senão uma guerra mundial” e ameaçou o mundo com “uma guerra nuclear devastadora”. SL ao pretender continuar as negociações para levar a Ucrânia a comprometer-se a não receber ou produzir armamento que possa ameaçar a Rússia e não por possuir esse armamento está a admitir que a Ucrânia não o possui o que anula a teoria da “desmilitarização” usada por Putin para justificar a invasão. Quanto à pretensa “desnazificação” de que fala Putin é ele próprio quem está a recorrer a práticas idênticas às do nazismo belicista de Hitler.

Sempre que Putin e SL tentam justificar a invasão e a destruição da Ucrânia e do seu povo cada vez mais essa justificação soa a falso, ficando-nos desde já a certeza de que nada tem a ver com a segurança da Rússia. A afirmação da Ucrânia como país independente com um governo eleito democraticamente e a recusa do seu povo em tornar-se mais uma república fantoche governada por um ditador às ordens de Putin é o que verdadeiramente o incomoda já que isso constitui uma ameaça à sua governação ditatorial que põe em causa a liberdade e a democracia do povo russo. Ao invadir sem qualquer justificação plausível a Ucrânia destruindo e matando o seu povo, Putin e o seu “circle of evil” tornaram-se criminosos de guerra, ao mesmo tempo que cometeram um erro de cálculo ao desprezar a resistência do povo ucraniano bem como a expressiva condenação que a invasão mereceu dos países democráticos e a amplitude das sanções impostas ao regime de Putin. A atitude responsável de Biden referida por SL, contrasta com a insustentável insensatez da ameaça de “uma guerra nuclear devastadora” cujas consequências seriam milhões de vítimas no mundo onde se inclui também a própria Rússia, o que pelos vistos não preocupa minimamente SL.

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