Rússia diz manter "canais de diálogo" com os EUA
A Rússia declarou hoje que mantém "determinados canais de diálogo" com os EUA no âmbito da crise desencadeada pela ofensiva militar russa na Ucrânia e pelas inúmeras sanções económicas decretadas contra Moscovo.
"Mantêm-se canais de diálogo com os EUA", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, sobre o estado das relações com Washington, durante a sua conferência de imprensa telefónica diária.
Peskov admitiu que a Rússia está a sofrer com as restrições económicas impostas por vários países, além dos EUA e dos Estados membro da União Europeia (UE), mas rejeitou que tal signifique que está isolada.
"O mundo é grande demais para que a Europa ou os EUA consigam isolar um país, quanto mais um tão grande quanto a Rússia", disse, acrescentando que há muito mais países com uma "visão mais equilibrada, às vezes mais sensata, sobre a dinâmica do desenvolvimento das relações internacionais".
"É por isso que preferimos, e estamos convencidos de que não devemos, não falar de isolamento. Confiamos que, mais cedo ou mais tarde, a nossa posição será assimilada pelos países - da UE e da NATO [Organização do Tratado do Atlântico Norte, do inglês North Atlantic Treaty Organization] - que agora têm posições excessivamente emocionais e se recusam a entender muitas coisas que são evidentes", insistiu.
O porta-voz da presidência russa sublinhou que as autoridades estão a trabalhar no desenvolvimento de medidas para fazer frente à pressão económica externa.
"É uma situação extraordinária para a economia, que exige medidas extraordinárias, inéditas, corajosas, que respondam da melhor forma possível aos nossos interesses", disse.
Questionado sobre se estas medidas incluem a descriminalização do uso de programas informáticos piratas, Peskov indicou que a "pirataria económica" que se observa em grande parte do mundo deve ter a "respetiva resposta".
"A Rússia responderá, de uma forma ou de outra, a essa pirataria económica, escolhendo as medidas que melhor correspondam aos nossos interesses", reiterou.
A Rússia lançou, na madrugada de 24 de fevereiro, uma ofensiva militar à Ucrânia e as autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças. Segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de 1,2 milhões de refugiados.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas para isolar ainda mais Moscovo.