Coligação PSD/CDS e teleférico do Curral das Freiras em análise no Debate da Semana
Pedro Coelho e Miguel Silva Gouveia analisaram os assuntos que estão na ordem do dia na TSF-Madeira
O 18.º Congresso Regional do PSD-Madeira, a nova liderança no Partido Socialista e o teleférico do Curral das Freiras foram os três temas centrais do Debate da Semana, programa moderado por Leonel de Freitas que contou com a presença de Pedro Coelho e Miguel Silva Gouveia.
A reunião magna dos social-democratas até foi o assunto que fechou o debate emitido pela TSF-Madeira, mas a questão motivou resposta curiosa do presidente da Câmara Municipal de Câmara de Lobos quanto à hipotética discussão em torno da futura coligação com o CDS tendo em vista as Regionais de 2023 - uma posição assumida na moção de Miguel Albuquerque.
Essa moção, que são várias páginas, tem essa questão. Muito tem sido falado sobre isso e o que o presidente do partido tem dito é que não fecha o debate, os acordos ou a porta a ninguém à excepção da esquerda e da extrema-esquerda. Nessa linha há um parceiro de coligação no Governo Regional para um mandato de quatro anos. Muito já se disse, muito já se escreveu e na minha linha, enquanto militante do PSD - com alguma responsabilidade, nomeadamente autárquica - serei sempre solidário com o presidente do partido, agora, penso pela minha cabeça e acho que mais importante do que falar do CDS o importante é falar no crescimento que o PSD pode ter. Pedro Coelho, no Debate da Semana
Albuquerque deixa claro que vai manter a coligação com o CDS
"Não vou para a oposição porque há uns tipos que dizem que não gostam do CDS", afirmou Miguel Albuquerque que reservou para o final da sua intervenção a questão da coligação.
Pedro Coelho assumiu também não estar “preocupado com a sobrevivência do CDS”, mesmo que considere o partido “importante e foi um partido importante, pela sua história da democracia em Portugal”.
“Se me perguntar se vai haver coligação eu não sei, mas se me perguntar se é muito cedo para falar nisso para mim é (…) ainda falta muito tempo, agora a coligação tem sido importante no sentido de haver alguma união. O peso do CDS, nomeadamente em Câmara de Lobos, é que há sete meses tinha um vereador e agora não tem nenhum. O peso do CDS em Câmara de Lobos é aquilo que a gente sabe. Para mim, o assunto da coligação, neste momento, não é assunto”, vincou o autarca câmara-lobense.
Quanto a Miguel Silva Gouveia, o congresso ‘laranja’ está todo “muito bem compartimentado” com “todos muito bem comportadinhos como Miguel Albuquerque gosta”.
Sobre a coligação, o vereador sem pelouro da Câmara Municipal do Funchal diz ter prestado atenção a uma entrevista do líder do PSD-Madeira ao Jornal Económico “em que é muito claro na sua intenção” de “manter a estabilidade da actual coligação de Governo até ao final do mandato”.
“Não fala de questões do próximo mandato. Isso estar ou não na moção (…) a coligação pode ser tão má que o próprio CDS pode ser forçado a não a querer”, atirou.
Miguel Silva Gouveia admite tornar-se militante do PS-Madeira
Poderá ser durante o mandato do Sérgio Gonçalves, mas a intenção de se filiar como militante do PS-Madeira foi deixada bem clara por Miguel Silva Gouveia, um tema que já fez correr muita tinta, especialmente na última corrida autárquica, em que o ex-presidente do município do Funchal foi cabeça-de-lista da ‘Coligação Confiança’.
O Sérgio parece-me estar comprometido em dar o melhor que tem para dar. É uma pessoa que tem muita experiência na área empresarial, na área associativa, tem agora experiência parlamentar e é uma pessoa com conteúdo, que vai aos assuntos e aborda-os com profundidade. Tem, na verdade, a oportunidade de dar esse cunho pessoal ao PS. Miguel Silva Gouveia no Debate da Semana
Para Miguel Silva Gouveia “mais do que ter máquina partidária”, o novo líder dos socialistas madeirenses “precisa de ter a confiança dos madeirenses e dos porto-santenses”.
“Acho que é uma oportunidade que ele tem para mostrar como é que se deve criar um PS verdadeiramente unido e contando com todos”, afirmou, para depois ser questionado por Pedro Coelho. “Esse recado é para quem? Mostrar a quem? Quem é que não fez isso?”.
Miguel Silva Gouveia não se deixou ficar. “Mostrar à Madeira. Mais do que cultivarmos as nossas diferenças é preciso perceber que há algo muito maior que nos une a todos que é a possibilidade de ser uma alternativa de governação à Madeira e ao Porto Santo”.
Quem começou por abordar o tema até foi o presidente do município de Câmara de Lobos. Pedro Coelho não teceu grandes considerações porque está a “aguardar para ver”.
Ainda não vi ou ouvi nada de novo. Temo que Sérgio Gonçalves seja 'telecomandado' por alguém. Não sei se está na liderança em regime de transição ou não. Curioso é que é o próprio Sérgio Gonçalves que quando se candidata e depois de ter sido eleito reconhece que o PS teve maus resultados nas últimas autárquicas e toca mesmo na questão do Funchal. Pedro Coelho no Debate da Semana
Para o autarca é “claro que os líderes dos seus partidos querem sempre o melhor” e não seria normal “se Sérgio Gonçalves viesse com outro discurso”. Ainda assim, não deixou de realçar o facto de o processo de militância no PS-Madeira ser hoje “uma inscrição à pressa”. E exemplificou.
“Hoje, um líder partidário do maior partido da oposição na Madeira é militante do PS há dois anos. Não é muito normal, mas pode acontecer. Os estatutos assim o dizem. Agora, vamos aguardar, respeitando sempre a oposição, as boas ideias que tenha para a Madeira e esperar que este PS também faça mais oposição ao PS nacional, ou seja, que haja mais unidade do parlamento madeirense, no sentido de resolver as grandes questões pendentes com a Madeira – que nunca tiveram solução muito por culpa do PS local que está muito amarrado ao passado e a Lisboa. Que essas situações sejam resolvidas. Não sei se Sérgio Gonçalves tem a máquina partidária com ele ou não. Os militantes do PS escolheram e está escolhido”, resumiu.
Teleférico do Curral das Freiras foi tema longo
O assunto do teleférico do Curral das Freiras deu pano para mangas. O projecto, que “está a ser trabalhado e já foi apresentado em traços gerais à população do Curral das Freiras”, mostra que o município de Câmara de Lobos “é amigo do investimento privado” e que esta infra-estrutura “pode ser importante, mas é preciso ter regras”.
Há neste momento grupos de trabalho e já colocamos algumas questões, nomeadamente na falta de estacionamento - e tem de ser criado esse estacionamento no Curral das Freiras. Também temos algumas limitações, no âmbito do PDM, na Boca da Corrida, no Jardim da Serra, ou seja, nós não dizemos nem que sim, nem que não só porque não gostamos ou porque gostamos muito. Pedro Coelho no Debate da Semana
Além do estacionamento no Curral das Freiras, o edil mostra igualmente "dúvidas relativamente à dimensão do restaurante que será instalado na Boca da Corrida. Ainda sobre os impactos “positivos e menos positivos no projecto”, o autarca garante que “há um estudo de impacte ambiental e o impacto é reduzido”.
O teleférico do Monte, a via-rápida, os cabos de alta tensão, tudo tem impacto. Tudo na vida tem impacto. Quando se fala em ser sustentável, não é só a nível ambiental. É ambiental, social e económico. Pedro Coelho no Debate da Semana
Realçando, por mais do que uma vez, que “há privados interessados neste negócio e acham que o negócio será rentável”, a verdade é que Pedro Coelho aplaude o Governo Regional por estar a “criar todas as condições para que esse investimento se faça cumprindo as regras”.
“Se me dissesse que o Governo Regional iria investir 31 milhões de euros num teleférico eu dizia logo que era contra, mas se é um privado que quer investir, porque não? O Curral das Freiras, os comerciantes, precisam desse investimento, porque o Curral hoje em dia é visto de cima, da Eira do Serrado, muito poucos vão ao centro do Curral das Freiras”, sublinhou sobre um meio de transporte que “vai criar outra dinâmica, gerar mais riqueza e mais emprego numa zona lindíssima”.
No seguimento desta mesma leitura "há algumas habitações que foram reabilitadas que se destinam ao Alojamento Local", pelo que a oferta para pernoitar na pitoresca freguesia já é visível. "É normal que com o teleférico surja mais investimento privado ligado à restauração e hotelaria. A ligação rodoviária entre o Curral e o Jardim da Serra também pode surgir de forma mais rápida", porque "mais serviços obrigam a mais acessibilidades", referiu Pedro Coelho.
Se fosse um investimento de 31 milhões de euros seria muito mais estruturante para a Região fazer uma saída rodoviária para a Boaventura, como já se falou durante muitos e muitos anos. Miguel Silva Gouveia no Debate da Semana
Já Miguel Silva Gouveia recordou que na capital madeirense “existem dois teleféricos que foram concessionados pela Câmara”, ou seja, a autarquia “foi a entidade que promoveu a expropriação dos terrenos, a própria declaração de utilidade pública do teleférico e concessionou” o negócio, sendo que esta é hoje “uma das receitas altamente rentáveis do município”, nomeadamente através da “participação nos rendimentos desses teleféricos”.
O que eu achei interessante? Na verdade, estamos a falar de três estações. Uma que fica no limite da freguesia de Santo António, no Paredão. Outra que fica no centro do Curral e outra que fica na Boca da Corrida. Há um teleférico com uma cabine para 50 pessoas entre o Paredão e a Boca da Corrida. Há um teleférico mais pequeno para 15 pessoas entre o Paredão e o centro do Curral das Freiras. E depois há um zipline da Boca da Corrida para o Curral. Adicionalmente, há a criação de um parque aventura na Boca da Corrida. Miguel Silva Gouveia no Debate da Semana
Ainda assim, parece-lhe que o projecto "está bem construído" apesar dos impactos "no património, nos recursos hídricos, na paisagem, nos solos, na fauna, na flora".
"O estudo está consistente e merece que toda a gente possa analisá-lo. Mais do que os impactos é a opção de se fazer este tipo de iniciativa em grande escala", observou Miguel Silva Gouveia, destacando o facto deste teleférico vir a unir duas freguesias, neste caso Curral das Freiras e Jardim da Serra, "em 5 ou 10 minutos" ao longo de três quilómetros.