A Guerra Mundo

Zelensky saúda investigação da ONU sobre violação de direitos humanos

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Foto EPA

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, congratulou-se hoje com a decisão da ONU de criar uma comissão independente de peritos para investigar possíveis violações dos direitos humanos perpetradas pela Rússia na Ucrânia.

A decisão foi aprovada pelo Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, por esmagadora maioria, durante um debate de urgência em Genebra, Suíça, a pedido da Ucrânia.

"Saúdo a criação da comissão internacional de inquérito para investigar os crimes de guerra da Rússia contra a Ucrânia", reagiu Zelensky na rede social Twitter.

"As provas serão documentadas e utilizadas nos tribunais internacionais. Os criminosos de guerra russos serão responsabilizados", acrescentou, citado pela agência espanhola EFE.

Uma das missões da comissão será "identificar, na medida do possível, os indivíduos ou entidades responsáveis por violações dos direitos humanos" na Ucrânia, a fim de garantir que sejam responsabilizados.

As investigações da comissão basear-se-ão em entrevistas, testemunhos de vítimas, material forense e outros materiais, de acordo com o texto da resolução.

O Conselho de Direitos Humanos da ONU, de 47 membros, reuniu-se de emergência a pedido da Ucrânia para considerar um projeto de resolução sobre a "situação dos direitos humanos na Ucrânia resultante da agressão russa".

A resolução foi aprovada por 32 votos a favor, dois contra (Rússia e Eritreia) e 13 abstenções.

Entre os países que se abstiveram estão a China, Cuba e Venezuela, que têm manifestado apoio à Rússia no conflito com o Ocidente.

A resolução foi aprovada depois de a Assembleia-Geral das Nações Unidas ter apoiado amplamente, no início da semana, uma outra resolução que deplorava a agressão russa contra a Ucrânia e exigia a Moscovo que acabasse com a intervenção militar no país vizinho.

O Tribunal Penal Internacional (TPI) também decidiu esta semana investigar possíveis crimes de guerra, crimes contra a humanidade ou genocídio no conflito que assola a Ucrânia desde 2014, quando a Rússia anexou a Crimeia e patrocinou uma guerra separatista que provocou mais de 14.000 mortos em oito anos.

A Rússia invadiu novamente a Ucrânia em 24 de fevereiro, após semanas de elevada tensão com o Ocidente por ter concentrado dezenas de milhares de tropas junto às fronteiras ucranianas, tanto do lado russo como na Bielorrússia, um país aliado de Moscovo.

A ofensiva militar, que entrou hoje no nono dia, provocou milhares de mortos, entre civis e militares, cujo número preciso está por contabilizar.

O ataque levou mais de 1,2 milhões de pessoas, maioritariamente mulheres e crianças, a procurar refúgio nos países vizinhos, principalmente na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.

O avanço das tropas russas provocou também a destruição de muitas infraestruturas civis na Ucrânia, apesar de a Rússia reclamar que só está a atacar alvos militares.

Este é considerado o ataque militar mais grave de um país contra outro na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).