Artigos

Somos todos (PSP) Fábio Guerra

A Europa e o nosso país vivem há várias semanas mergulhados num estado de coisas muito atípico, para usar um eufemismo. Esta estúpida e incompreensível guerra, protagonizada por um déspota louco que ao arrepio do Direito Internacional, contínua a invadir a Ucrânia, com vários impactos. Esta é já classificada, como a mais séria ameaça à paz mundial, desde a segunda grande guerra, e continuam a não haver sinais de tréguas.

A realidade mostra-nos que as nossas vidas foram viradas novamente do avesso, seja do ponto de vista económico, seja do ponto de vista social, onde as nossas liberdades estão a ser secundarizadas, os nossos direitos condicionados e as garantias são cada vez menos, o que deita por terra a vida das pessoas.

Um menu vastamente trágico de eventos, tem apoquentado nos últimos dias os portugueses, primeiramente, um jovem acusado de terrorismo por alegadamente ter planeado um ataque à Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, depois a tragédia que atingiu a família policial, o jovem Agente FÁBIO GUERRA, que foi espancado na noite de 20 de março, em Lisboa perto de uma discoteca, e morreu no dia seguinte, não resistindo às lesões cerebrais infligidas na agressão.

Os dois fuzileiros, suspeitos, estão em prisão preventiva, merecendo o maior repúdio do próprio Chefe do Estado-Maior da Armada, o Almirante Gouveia e Melo, que afirmou publicamente “não quero arruaceiros na Marinha, nem militares sem valores”, referindo-se obviamente à alegada agressão que resultou na morte prematura do jovem agente da PSP.

É verdade Senhor Almirante, não dá para fugir ao tema desta brutal e injustificável agressão, a que o FÁBIO GUERRA foi sujeito, aliás, todos os profissionais sentiram na pele tamanha agressão supostamente perpetrada por elementos de uma força de elite da Marinha. Não há precedentes morais para o horror! Nada desculpa a agressão, nada justifica tal atrocidade, e não há notícia que ajude a aceitar tanta violência.

Por muito que gostasse de acreditar nos superpoderes dos tribunais e de algumas instituições com poderes de decisão, sendo que os de ilusionismo estão mais do que validados, não acredito. Infelizmente, a realidade mostra-nos também que estamos longe de ter resolvido a situação da crescente onda de violência física e psicológica em Portugal. Antes da COVID19 já era assim, com a pandemia apenas temos o reforço desta perceção.

Mas nada disto parece incomodar quem está em alguns organismos, instituições e seus representantes, que defendem os direitos humanos que estão neste momento, a “esfregar as mãos de contentamento” porque a vítima desta vez, é o FÁBIO GUERRA, um elemento da PSP, que por acaso não é de raça negra. Na verdade, todos os profissionais da mais importante força de segurança em Portugal, já sabem quem vai ficar, como sempre, para levar paulatinamente com a “bujarda”, em silêncio e em plena solidão.

É isto que está a acontecer já há alguns anos a esta parte. Os vanguardistas dos direitos humanos continuam em cortejo a passear-se pelo país, pressionando as forças de segurança, desperdiçando tempo necessário para encontrar soluções. Sabem de uma coisa, não aprendemos mesmo nada com a morte do Agente IRINEU DINIZ, em 17 de fevereiro de 2005. lembram-se? Claro que não! Mas, faço questão de relembrar que, o agente Irineu, de raça negra, com 33 anos na altura, foi atingido por vários disparos de arma automática e de caçadeira quando seguia num carro-patrulha da PSP que circulava no bairro da Cova da Moura, na Amadora.

É urgente que a classe política, que tem o poder de decidir, que é a Assembleia da República, acionem mecanismos no sentido de criar legislação especifica e mais punitiva, que possa fazer sentar no banco dos réus, todos os indivíduos que alegadamente praticam atos abomináveis, como são todo o tipo de ataques indiscriminados, às crianças e mulheres inocentes, vítimas de violência doméstica e pessoas idosas.

Resumo, pois conhecem-se as causas, mas não se tem respondido com as medidas necessárias, por isso, vamos continuar a padecer do sintoma de cultura de violência.