Tropas russas afectadas por radiação retiram-se da central de Chernobyl
As tropas russas começaram a deixar a central nuclear de Chernobyl depois de expostas a "doses significativas" de radiação por escavarem trincheiras no local, contaminado, informou hoje a companhia de energia estatal da Ucrânia.
A Energoatom adiantou que os russos estão a retirar para a floresta dentro da zona de exclusão em torno da central, desativada mas onde existe um armazenamento de resíduos nucleares, local onde em 1986 ocorreu o pior desastre nuclear do mundo.
As tropas "entraram em pânico ao primeiro sinal de doença", que "apareceu muito rapidamente", e começaram de imediato os preparativos para se retirarem, segundo a empresa nacional ucraniana para a energia nuclear.
Os russos tomaram Chernobyl na etapa inicial da invasão, que começou a 24 de fevereiro, levantando receios de causarem danos ou perturbações que pudessem espalhar radiação.
A retirada ocorre no meio de combates contínuos e indícios de que o Kremlin está a reagrupar as suas forças para as recolocar de forma a lançar uma ofensiva reforçada no leste da Ucrânia.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que a Ucrânia está a assistir a "uma acumulação de forças russas para novos ataques na região do Donbass" e as tropas ucranianas "estão a preparar-se para isso".
Também o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, disse que os serviços secretos da aliança indicam que a Rússia não está a restringir as suas operações militares na Ucrânia, mas sim a reposicionar forças para as juntar aos ataques no Donbass, onde os separatistas apoiados por Moscovo combatem as forças ucranianas desde 2014.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.232 civis, incluindo 112 crianças, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo mais de quatro milhões para países vizinhos e as Nações Unidas estimam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.