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António Ramalho deixa presidência executiva do Novo Banco em Agosto

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António Ramalho vai sair da presidência executiva do Novo Banco em agosto, anunciou hoje a instituição financeira em comunicado ao mercado.

De acordo com o banco, António Ramalho "comunicou hoje ao Conselho Geral e de Supervisão a sua intenção de deixar as funções executivas que atualmente desempenha em agosto e apoiar o processo de transição para o seu sucessor".

Ainda segundo o comunicado, "António Ramalho acredita ser este o momento certo para anunciar o seu desejo de deixar o cargo que assumiu há cerca de seis anos", após tornar o banco rentável, fazer a 'limpeza' de balanço, concluir o plano de reestruturação acordado com a Comissão Europeia, lançar uma nova marca, novo modelo de negócio, entre outros, considerando que agora é "o momento para passar a pasta a um novo presidente executivo que lidere o banco no futuro".

Citado em comunicado, o presidente do Conselho Geral e de Supervisão, Byron Haynes, disse fazer questão de "agradecer a António Ramalho a sua liderança ímpar, a sua dedicação e o seu contributo para garantir a viabilidade de longo-prazo" do banco,

Por seu lado, António Ramalho afirmou, citado no mesmo comunicado, que foi um "privilégio" ter tido a "possibilidade de liderar uma vasta equipa num processo único e irrepetível, numa conjuntura adversa e em cujo sucesso poucos acreditavam, preservando um banco sistémico, milhares de postos de trabalho e um incontável número de empresas, e dessa forma o normal funcionamento da economia portuguesa".

O comunicado do Novo Banco indica ainda que António Ramalho sairá da liderança do início de agosto, após a apresentação das contas do primeiro semestre, "por forma a garantir uma transição tranquila e sem qualquer perturbação".

Quanto ao seu sucessor, diz o Novo Banco que agora vão ser desencadeados pelos órgãos competentes os procedimentos necessários e que "as suas conclusões serão anunciadas oportunamente, logo que concluído o processo".

António Ramalho chegou à liderança do Novo Banco em agosto de 2016 (sucedendo a Eduardo Stock da Cunha) e manteve-se mesmo após a compra de 75% do Novo Banco pelo fundo de investimento norte-americano Lone Star, em 2017.

Desde então, entre várias polémicas, tem sido o rosto da defesa do uso pelo banco do dinheiro do mecanismo de capitalização acordado nessa compra. Até ao momento o Novo Banco ja consumiu 3.405 milhões de euros de dinheiro público ao abrigo desse acordo, do máximo de 3.890 milhões de euros possíveis.

Ramalho também deu a cara pelo processo de reestruturação do Novo Banco, incluindo a saída de milhares de trabalhadores.

Em janeiro, a relação entre o presidente executivo do Novo Banco e o ex-presidente do Benfica e devedor do Novo Banco Luís Filipe Vieira foi questionada e surgiram dúvidas sobre a idoneidade de António Ramalho.

Então, foram divulgadas na imprensa conversas telefónicas entre Ramalho e o ex-administrador do Novo Banco Vítor Fernandes (atual presidente da SIBS), em que o presidente executivo do Novo Banco disse estar a agendar uma reunião com o então presidente do Benfica para o "preparar" para a Comissão Parlamentar de Inquérito ao Novo Banco.

Desde então, António Ramalho tem dito que a sua idoneidade "é avaliada em permanência" e que não deve fazer mais comentários.

Ainda assim, no início de março, em conferência de imprensa, questionado sobre o tema que levou mesmo o Banco Central Europeu (BCE) a investigar a sua relação com Vieira, o gestor disse que não há fotografias suas com o ex-presidente do Benfica. "Não há fotografias minha com Luís Filipe vieira e deve haver fotografias dele com toda a gente", afirmou.

O Novo Banco teve lucros de 184,5 milhões de euros em 2021, no primeiro ano que apresentou resultados positivos desde a sua criação em agosto de 2014 (na resolução do BES), que comparam com prejuízos de 1.329,3 milhões em 2020.

Quando anunciou os lucros de 2021, em março, o banco anunciou também que vai pedir mais uma injeção de capital de 209 milhões de euros ao Fundo de Resolução bancário. Já o Fundo de Resolução considera "não é devido qualquer pagamento" relativamente a 2021.