Cruz Vermelha disposta a liderar retirada de civis de Mariupol mas exige segurança
O Comité Internacional da Cruz Vermelha disponibilizou-se "a liderar" as operações de retirada de civis da cidade de Mariupol a partir de sexta-feira, com a condição de ter garantias de segurança, anunciou hoje a organização.
"É vital que essas operações aconteçam. A vida de dezenas de milhar de pessoas em Mariupol depende disso", referiu o comité, em comunicado, lembrando que já tentou organizar retiradas de civis em diversas ocasiões, mas não conseguiu por falta de segurança.
O Ministério da Defesa russo anunciou, na noite de quarta-feira, que iria hoje fazer um cessar-fogo e abrir corredores para retirada de civis, presos há semanas naquela cidade atacada pelas forças russas.
"As nossas equipas estão a caminho, com equipamentos e materiais médicos pré-posicionados para facilitar a passagem segura de civis para fora de Mariupol", assegurou o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) no mesmo comunicado.
"Por razões logísticas e de segurança, estamos disponíveis para liderar estas operações de passagem [pelos corredores] segura na sexta-feira, desde que todas as partes concordem com os termos exatos, incluindo a rota, o horário de início e a duração" da operação, especificou o CICV.
A organização tem insistido na necessidade de ter atenção aos mínimos detalhes, negociando-os com todas as partes, incluindo com os líderes militares no local.
O Governo ucraniano pretende enviar 45 autocarros para retirar os civis de Mariupol, já que a Rússia declarou estar "pronta para abrir o acesso a colunas humanitárias em Mariupol" para que se dirijam à cidade de Zaporozhye, segundo a vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk.
A Rússia lançou, em 24 de fevereiro, uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.189 civis, incluindo 108 crianças, e feriu 1.901, entre os quais 142 crianças, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo mais de 4 milhões de refugiados para países vizinhos e quase 6,5 milhões de deslocados internos.
A ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.