Mundo

Sector aéreo europeu optimista com verão apesar de guerra e crise

Foto DR/Airlines for Europe
Foto DR/Airlines for Europe

A Airlines for Europe (A4E), a maior associação de companhias aéreas na Europa, diz que o setor está otimista relativamente ao próximo verão, mas admite incertezas pela "situação volátil" da Ucrânia e aumento da inflação, que afetam a procura.

"No início deste ano, o estado de espírito [do setor europeu] era relativamente otimista e, mesmo com a variante Ómicron [do SARS-CoV-2, que causa a covid-19], estávamos otimistas porque continuámos a ver que as pessoas queriam realmente viajar de novo e o mais depressa possível na Europa e, por isso, as reservas pareciam bastante boas para o verão, mas depois o senhor Putin decidiu invadir a Ucrânia", declara o diretor-geral da A4E, Thomas Reynaert, em entrevista à agência Lusa, em Bruxelas.

Com o início da guerra, "tivemos uma ligeira descida nas marcações para o verão", mas entretanto "temos de admitir que temos sorte, porque as reservas para o verão estabilizaram e estamos de novo otimistas", acrescenta.

O responsável desta que é a maior associação representativa das transportadoras aéreas na UE, representando 70% do tráfego aéreo europeu num total de 16 companhias aéreas abrangidas, destaca que, de momento, as reservas para o verão "não parecem muito mal e, em todo o caso, serão sempre melhores do que em 2020", quando se registaram grandes quebras no número de passageiros devido à covid-19.

Antes do conflito, as previsões internacionais davam conta que o tráfego aéreo da UE conseguiria, este ano, chegar a dois terços do que era antes da pandemia, mas segundo Thomas Reynaert o panorama é "volátil neste momento, incluindo relativamente à confiança dos consumidores, ao aumento da inflação e ao custo de vida para as pessoas".

"Penso que há tantas incertezas em torno disto que as previsões para o verão são muito difíceis neste momento, [mas] a única coisa que podemos dizer é que, mesmo com a guerra em curso na Ucrânia, as pessoas na Europa ainda estão realmente ansiosas por viajar", sublinha o responsável.

Ainda assim, Thomas Reynaert admite que, "devido à inflação e aos preços elevados, as pessoas talvez viajem menos".

A inflação é, por estes dias, mais acentuada no que toca aos preços energéticos, tendo os preços dos combustíveis disparado nas últimas semanas e alcançado os níveis mais altos da última década devido aos receios de redução na oferta provocada pela invasão russa da Ucrânia.

Este aumento dos combustíveis pressiona também o setor da aviação, que ainda está a tentar recuperar das consequências da pandemia de covid-19, o que poderá resultar em bilhetes de avião mais caros.

O combustível representa até 35% dos custos operacionais das companhias aéreas.

As mais recentes previsões internacionais indicam que as transportadoras aéreas europeias não deverão apresentar lucros até 2023 ou 2024, na melhor das hipóteses.

Criada em 2016, a A4E tem como membros 16 companhias aéreas que operam na UE como o grupo Air France-KLM, easyJet, grupo Lufthansa, Ryanair, TAP Air Portugal, TUI, entre outras, que no total transportam habitualmente mais de 720 milhões de passageiros por ano, operando mais de 3.000 aeronaves e gerando mais de 130 mil milhões de euros de volume de negócios anual.