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Pelo menos dois palestinianos morreram após incursão de tropas israelitas na Cisjordânia

Têm ocorrido vários atentados em Israel nos últimos dias, com mais de uma dezena de mortos. Foto EPA/ABIR SULTAN
Têm ocorrido vários atentados em Israel nos últimos dias, com mais de uma dezena de mortos. Foto EPA/ABIR SULTAN

Pelo menos dois palestinianos morreram e vários outros ficaram feridos hoje durante uma incursão das tropas de Israel a um campo de refugiados na Cisjordânia ocupada, anunciou o Ministério da Saúde palestiniano.

Vídeos divulgados na internet mostravam fumo a sair do centro do campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia ocupada, enquanto tiros ecoavam ao fundo.

Outras imagens de vídeo mostravam, aparentemente, soldados israelitas e palestinianos armados a moverem-se pelas ruas estreitas, de acordo com a agência de notícias Associated Press (AP).

O ataque ocorreu dois dias após um palestiniano, de uma vila perto de Jenin, ter matado cinco pessoas nos subúrbios de Telavive, numa onda de ataques que estão a decorrer nos últimos dias e que já deixaram um total de 11 mortos.

O Ministério da Saúde palestiniano disse que um jovem de 17 anos e um de 23 anos foram mortos. Mais cedo, o Ministério tinha dito que sete palestinianos tinham sido levados para hospitais locais, incluindo três que ficaram gravemente feridos.

Os militares israelitas justificaram que as tropas foram atacadas depois de entrarem em Jenin para deter suspeitos. As forças militares de Israel afirmaram ainda que um soldado ficou ferido e foi levado para o hospital.

O campo de refugiados de Jenin foi palco de uma das batalhas mais mortíferas na segunda intifada palestiniana. Em abril de 2002, as forças israelitas lutaram contra militantes palestinianos no campo, causando a morte de 23 soldados israelitas e de 50 palestinianos.

Nos últimos anos, a Autoridade Palestiniana (AP), que administra partes da Cisjordânia ocupada, parece ter pouco controle sobre Jenin. As forças israelitas que operam dentro e em redor da cidade e do campo de refugiados geralmente são atacadas.

No ataque de terça-feira, um palestino de 27 anos da vila de Yabad, na Cisjordânia ocupada, perto de Jenin, matou cinco pessoas. Na noite de domingo, um outro ataque com tiros realizado por dois simpatizantes do Estado Islâmico (EI), na cidade central de Hadera, provocou a morte de dois polícias.

A recente onda de violência trouxe a questão palestiniana de volta à tona num momento em que Israel está focado em construir alianças com Estados árabes contra o Irão, seu antigo rival. Não houve negociações de paz sérias entre israelitas e palestinianos em mais de uma década, e o primeiro-ministro israelita, Naftali Bennett, opõe-se a um Estado palestiniano.

Líderes israelitas, jordanos e palestinianos realizaram várias reuniões nas últimas semanas e Israel anunciou uma série de gestos de boa vontade, num esforço para manter a calma antes do mês sagrado muçulmano do Ramadão, que começa neste fim de semana.

As autoridades israelitas esperam evitar uma repetição do ano passado, quando confrontos em Jerusalém desencadearam uma guerra de 11 dias na Faixa Gaza, mas os recentes ataques aumentaram as tensões. Após uma reunião do Gabinete de Segurança na quarta-feira, Israel decidiu continuar com os planos para aliviar as restrições aos palestinianos na Cisjordânia ocupada e na Faixa de Gaza.

Israel capturou Jerusalém Oriental, Cisjordânia e a Faixa Gaza na guerra de 1967, territórios que os palestinianos querem para um futuro Estado. Israel anexou Jerusalém Oriental num movimento não reconhecido internacionalmente. Na Cisjordânia, os israelitas estão constantemente a expandir colonatos judaicos, que a maioria da comunidade internacional consideram ilegais.

Israel retirou-se de Gaza em 2005, e o grupo palestiniano Hamas tomou o poder dois anos depois. Desde então, Israel e Hamas travaram quatro guerras e Israel e Egito mantêm um bloqueio no território, que abriga mais de dois milhões de palestinianos.