França não vê avanços nas negociações entre Moscovo e Kiev para a paz
França lamentou hoje que não tenha havido avanços nas negociações entre Moscovo e Kiev, nem que haja novidades na situação na Ucrânia, após os anúncios russos de redução de atividade militar na capital e no norte do país.
"A guerra continua. Neste momento não há nenhum avanço nem novidade", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros de França, Jean-Yves Le Drian, ao canal France 24, recordando que continuam os bombardeamentos russos em Kiev e que o presidente russo, Vladimir Putin, ainda não aceitou um cessar-fogo, especialmente na cidade sitiada de Mariupol.
Jean-Yves Le Drian disse ainda que França está "totalmente disponível" para trabalhar e fornecer garantias ao presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, para que a Ucrânia efetive o princípio de neutralidade do país.
"O problema é que deve haver uma negociação real. Seria oportuno que o presidente Zelensky se encontrasse com o presidente Putin, mas de momento não é possível, porque o presidente Putin se recusa", observou o ministro.
Quanto à ronda de negociações russo-ucranianas, de terça-feira em Istambul, o ministro francês repetiu que "por enquanto nada avançou sobre qualquer assunto", enquanto o chefe da delegação russa, Vladimir Medinski, relatou "discussões substanciais" e saudou as "propostas claras" de Kiev para um acordo.
A agência France-Presse noticia que o vice-ministro da Defesa russo, Alexander Fomin, afirmou que a Rússia "reduzirá radicalmente a atividade militar na direção de Kiev e Cherniguiv", no norte do país.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.189 civis, incluindo 108 crianças, e feriu 1.901, entre os quais 142 crianças, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo mais de 4 milhões de refugiados em países vizinhos e quase 6,5 milhões de deslocados internos.
A ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.