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A guerra afinal é cuidar. Cuidar-se. Da mercadoria, do mercado e do vil metal

Fazendo registos - das árvores (e suas novas folhagens); dos pássaros (e seus mil tons de plumagens); dos pardacentos gatos (nuvens sem conta, na manhã chuvosa); vá lá, uma catalografia de tudo -, este maquinário dos verbetes, ora no fiat breu, ora no fiat lux.

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Registar simples verbetes trazidos para a memória. Todavia, nada de sumptuárias roupagens. Simples vestes, pela lente da subjetividade, do afetivo e do passional. Ressignificá-las. E para que sorria essa minha gente (somente aquela apartada da paródia cortesã e da festarola ressurreta nos orçamentos) algum exaurir mais aflito dos nossos destemperos.

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Mais ao largo, é a matança e, quem carniceiro não for, atire a primeira pedra. O animal vai para o sacrifício, mas ficam, como um aparte, registadas algumas iniciativas de clemência, a ficarem bem na fotografia. Ao fim do dia, contabilizando os mortos, feridos e deslocados, pelo duvidoso circo mediático, apenas remotos resíduos de misericórdia e uma enviesada operação de solidariedade. Armas, armas, armas e munições a rodos. Enquanto isso, as horas, minutos e segundos, em decrescente monocórdio, do mau agouro ao Sétimo Selo, são o que assusta.

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A guerra afinal é cuidar. Cuidar-se. Da mercadoria, do mercado e do vil metal. Tu o dizes com mais propriedade, jogo de interesses. Ou, com mais cinismo, geopolítica. Na orquestração destes dias, o afã mediúnico das palavras. Momento eremita, de meditação e de contemplação, a ver se sai leite da pedra ou se levita, das pedras do fogão, a trempe das metáforas. Como um véu de nuvem. Aqui, continuará a ser a morada da Poesia.

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Aos interessados, avisa-se, vem aí a 4ª edição do Festival de Literatura-Mundo do Sal de 16 a 19 de junho. Mantém-se a ousadia de fazer da ilha do Sal o polo de internacionalização literária ou, como diria o regionalismo (ia dizer, provincianismo) bacoco, “a capital da cultura literária de Cabo Verde”, quando a ambição, agora a sério, é discutir o arco e a lira, as indagações do fazer literário, a alteridade, a circularidade, a tradutibilidade, experiências de escrita, referências teóricas, temporalidade e outras inquietações. Os interessados fiquem atentos que nós, obstinados exegetas, estaremos de portas abertas... para o maquinário dos verbetes.