Hungria defende que corte de cooperação energética com Rússia arruinará Europa
O primeiro-ministro da Hungria, o ultranacionalista Viktor Orbán, defendeu hoje que a Europa não deve cortar a cooperação energética com a Rússia, porque isso pode afetar seriamente a economia do continente.
"Nenhum argumento justifica que quebremos as colaborações energéticas com a Rússia", afirmou Orbán, um dos maiores aliados de Moscovo dentro da União Europeia (UE), em entrevista publicada pelo portal digital Mandiner.
O primeiro-ministro húngaro acrescentou que "os líderes da UE afirmaram que as sanções não afetarão a chegada de transportes de energia".
De acordo com Orbán, a UE pós-guerra também terá interesses na Rússia e dar este passo agora "arruinará a economia europeia".
No entanto, reiterou, a Hungria não bloqueará quaisquer sanções contra a Rússia.
O Conselho Europeu decidiu, no final de fevereiro, proibir "a venda, fornecimento, transferência ou exportação para a Rússia de bens e tecnologias específicas para o refinamento de petróleo e introduzir restrições à prestação de serviços relacionados" com o setor.
Por outro lado, o primeiro-ministro da Hungria defendeu a expansão de sua única central nuclear, em Paks, assegurando que, sem isso, a Hungria terá de comprar gás russo e este será cada vez mais caro.
Em 2014, o Governo húngaro assinou um acordo com a Rússia para a agência nuclear estatal russa Rosatom construir dois novos reatores em Paks, uma encomenda avaliada em 12,5 mil milhões de euros.
O Parlamento Europeu (PE) aprovou na terça-feira uma resolução sobre a agressão russa contra a Ucrânia, pedindo que "a importação dos bens mais importantes para a Rússia, incluindo petróleo e gás, seja restringida".
A resolução também pede aos Estados-membros "que suspendam todas as colaborações com a Rússia no campo nuclear, em particular a cooperação com a Rosatom e suas filiais".
Apesar de os deputados do partido de Orbán, o Fidesz, terem votado a favor da resolução, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Péter Szijjártó, disse que as propostas de restrições e de pôr fim à expansão da central de Paks "são irresponsáveis, já que põem em perigo a segurança energética" do país da Europa Central.