Ir atrás do sonho
Portugal está no Mundial que quer conquistar
Boa noite!
Com a apurada vocação lusitana para despachar serviço à última da hora e com a dose de sofrimento do costume, Portugal garantiu hoje a qualificação para a sua 12.ª fase final consecutiva de uma grande competição futebolística.
Diz o Presidente da República que "nos momentos decisivos, estamos à altura das circunstâncias". Marcelo Rebelo de Sousa bem sabe que nem sempre é assim. Sem sair do pontapé na bola, no jogo que ditava o apuramento directo para o Mundial do Qatar, perdemos. Por isso, em vez de precipitar-se para a ‘flash interview’, como se tivesse acabado de dar o litro, devia ter deixado falar primeiro o seleccionador nacional. É que Fernando Santos tem toda uma engenharia da fé na análise das vitórias, a julgar pelo eloquente desabafo: “Quando chegar à cama, vou dar outra vez graças a Deus". Antes, garantiu que vai atrás do sonho colectivo, o de vencer o Mundial, que se disputa em Novembro e Dezembro: “Já ganhei duas competições (Euro2016 e Liga das Nações 2019). Sonho muito em ganhar uma terceira”.
Em relação a esse momento, todos temos sonhos que não passam exclusivamente pela conquista do título mundial. O maior é que a forma comprovadamente corrupta como a fase final foi atribuída ao Qatar não contagie jogos e protagonistas. Mas também era de valor que houvesse mentalidade ganhadora na selecção portuguesa, repleta de talentos, muitos deles tapados por escolhas cativas; que houvesse renovação ponderada da equipa; e que fossem escolhidos os mais capazes. E ainda que a Ucrânia pudesse participar, mesmo não sendo apurada no jogo que ainda vai ser chamada a disputar frente à Escócia e que houvesse, no mínimo, um memorial que honrasse os milhares de trabalhadores imigrantes que morreram na construção de estádios e outras obras em que imperou a negligência.