Polónia vai deixar de comprar carvão russo e congelar activos
O Governo da Polónia anunciou hoje que vai aprovar leis para deixar de importar carvão da Rússia e congelar os ativos e bens de pessoas e entidades que apoiem o regime do Presidente da Rússia, Vladimir Putin.
O porta-voz do governo polaco, Piotr Müller, adiantou que estas medidas não podem esperar mais pelas decisões da União Europeia (UE) e por isso foram acordadas hoje em Conselho de Ministros.
As medidas propostas irão "além das sanções da UE, uma vez que estas exigem unanimidade (de todos os Estados-membros), mas na Polónia, e graças à invocação de uma cláusula de segurança, estamos a tomar medidas nacionais", detalhou o porta-voz polaco.
A lista de personalidades e entidades que serão afetadas pelo congelamento de bens será elaborada pelo Ministério do Interior e será tornada pública nos próximos dias.
Müller explicou que a intenção do governo é "ser capaz de tomar medidas que congelem vários tipos de fundos, incluindo transferências de dinheiro, cheques, depósitos e qualquer transação que possa beneficiar a Federação Russa".
"Também facilitará o congelamento dos recursos económicos, tanto tangíveis como intangíveis, móveis e imóveis", disse o porta-voz.
A oposição política da Polónia tem criticado repetidamente o Governo por defender sanções económicas mais severas contra Moscovo ao mesmo tempo que continua a importar grandes quantidades de carvão russo.
Desde o início da guerra na Ucrânia, Varsóvia tem defendido a independência energética da UE face à Rússia, e foi recentemente anunciado que o contrato da Polónia com a empresa estatal russa de gás, a Gazprom, que expira no final do ano, não será renovado.
Atualmente, a Polónia importa da Rússia cerca de 55% do gás que consome anualmente e dois terços do total de carvão que compra ao exterior.
A guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 34.º dia, causou já a fuga de mais de dez milhões de pessoas, mais de 3,9 milhões das quais para os países vizinhos, de acordo com os mais recentes dados da ONU -- a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.