Cancelada reunião do Grupo de Visegrado após desistência de Varsóvia e Praga
Uma reunião agendada para quarta-feira, em Budapeste, do Grupo de Visegrado (V4) foi hoje cancelada, depois dos ministros da Defesa polaco e checo terem decidido não comparecer devido aos laços da Hungria com o Kremlin.
"Uma reunião dos ministros da Defesa do chamado grupo V4 será realizada mais tarde", revelou o Ministério da Defesa húngaro à agência francesa France-Presse, sem mais detalhes.
Anteriormente, o ministro polaco, Mariusz Blaszczak, anunciou que "não iria" a Budapeste e a sua homóloga checa, Jana Cernochova, também disse, na semana passada, que não estaria na reunião.
O gabinete da ministra austríaca da Defesa, Klaudia Tanner, que foi igualmente convidada para o encontro na capital húngara, também confirmou o cancelamento da reunião, de acordo com a imprensa local.
O Grupo de Visegrado, fundado há 30 anos em plena transição pós-comunista, reúne a Eslováquia, a República Checa, a Polónia e a Hungria.
A invasão da Ucrânia pela Rússia tem destacado diferenças dentro do grupo, devido às posições assumidas pelo líder húngaro, Viktor Orbán, caracterizado como próximo do Presidente russo, Vladimir Putin.
Embora condenando a invasão da Ucrânia, a Hungria opõe-se a certas sanções, como é o caso do corte do fornecimento de gás russo.
Na Hungria, 85% das habitações utilizam o gás russo para aquecimento e 64% das importações de petróleo são provenientes da Rússia, justificou na semana passada o Governo liderado por Orbán.
Vários países comunitários apoiam sancionar as exportações russas de petróleo como nova medida de pressão a Moscovo pela invasão da Ucrânia, ainda que sem menções ao gás, já que muitos, entre eles a Alemanha, são fortemente dependentes das importações desta fonte de energia.
O Governo húngaro também se recusa a permitir a passagem pelo seu território de armas para a Ucrânia, sustentando que não pretende envolver-se na guerra.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou pelo menos 1.151 civis, incluindo 103 crianças, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo mais de 3,8 milhões para países vizinhos, e a ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.