Oposição na Polónia critica Governo por comprar carvão russo
O presidente do Parlamento polaco, Tomasz Grodzki, da oposição, criticou o Governo por "hipocrisia", ao promover sanções económicas contra Moscovo e, ao mesmo tempo, "importar carvão russo".
Em resposta a estas palavras, o vice-presidente do Parlamento, Ryszard Terlecki, do partido do Governo, anunciou hoje que serão recolhidas assinaturas para apresentar uma proposta que leve à demissão de Grodzki no seu cargo no Parlamento.
A polémica começou quando, numa recente mensagem de vídeo dirigida ao Parlamento da Ucrânia, Grodzki pediu desculpas aos ucranianos pelo facto de a Polónia "ainda importar carvão russo e não congelar os ativos dos oligarcas russos", o que considerou ser uma "hipocrisia inaceitável".
Donald Tusk, presidente da Plataforma Cívica, partido a que pertence Grodzki, disse que "as formas de expressão e a retórica podem sempre ser discutidas", concluindo que compreendeu "as intenções" de Grodzki.
"Todos gostaríamos que a Polónia fosse um modelo na postura contra a Rússia e a favor de sanções", disse Tusk.
Em 02 de março, o primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, assegurou que a Polónia está "preparada para impor um embargo às importações russas de carvão, a qualquer momento".
"Só precisamos da confirmação da Comissão Europeia (CE) de que não nos vão penalizar por essa decisão", explicou Morawiecki, antes de acrescentar que o embargo deve ser implementado de acordo com os tratados de comércio internacional que a Polónia assinou.
Num artigo divulgado na passada semana, Morawiecki apresentou um plano com 10 propostas contra Moscovo, que inclui, entre outras medidas, o bloqueio de todos os portos e fronteiras terrestres da Europa ao comércio com a Rússia, além de acabar com a importação de gás e petróleo daquele país.
No entanto, segundo dados oficiais, no primeiro trimestre de 2021, a Polónia importou 6,2 milhões de toneladas de carvão, quatro delas oriundas da Rússia.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.151 civis, incluindo 103 crianças, e feriu 1.824, entre os quais 133 crianças, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo mais de 3,8 milhões de refugiados em países vizinhos e quase 6,5 milhões de deslocados internos.
A ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.