Incomodado
Na orgânica do governo regional, cabe à Presidência tutelar as Comunidades. Está explicada a reacção de Miguel Albuquerque à nomeação de Paulo Cafôfo
Boa noite!
António Costa escolheu Paulo Cafôfo para secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, madeirenses incluídas, o que gerou uma azia descomunal em algumas hostes socialistas insulares, nomeadamente as que se julgavam irrepetíveis no exercício de cargos públicos e as que que tentaram em vão queimar o nome do ex-líder do PS-M, mas sobretudo entre social-democratas e centristas que não disfarçaram o incómodo de ver um conterrâneo no XXIII Governo Constitucional.
A mais eloquente das reacções surgiu da boca de Miguel Albuquerque, quando num exercício atentatório da prática política em vigor, tenta convencer os jornalistas que a Madeira tem "uma política regionalizada no que diz respeito às comunidades", quando se sabe que a esse nível, por muito boa vontade que haja de conselheiros e das casas espalhadas pelo Mundo, a Região tem diversas limitações e alergias, não risca nada na rede consular, deve e muito à diplomacia, e como é público, mendiga apoios nacionais como o ‘Regressar’.
Compreende-se que o presidente do Governo perceba o embaraço em que está metido, depois de ter dito que não dialogava com perdedores locais. Percebe-se que queira circunscrever futuras relações ao patamar da direcção regional das Comunidades, que por sinal é tutelada pela Presidência. Nem mais o governante das Comunidades é Miguel Albuquerque e não Rui Abreu. Logo, das duas uma: Miguel Albuquerque vai ter de reunir com Paulo Cafôfo quando para tal for necessário ou então reformula a orgânica do governo e muda Rui Abreu para uma secretaria qualquer, de modo a evitar a humilhação.
Mais valia a Albuquerque ter-se ficado pelo amuado "não tenho nenhum comentário a fazer”, pois ao fechar mais uma porta que entretanto se abre nas Necessidades, corre o risco de perpetuar contenciosos que de nada valem e que as comunidades que fazem pela vida dispensam.