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O diálogo, a competência e o compromisso que se esperam da República

Mais importante do que a quantidade é a qualidade, já diz o ditado, e isso aplica-se, na perfeição, ao novo Governo da República que será empossado esta semana e que, liderado pelo Primeiro-Ministro António Costa, assume a redução do número de governantes como bandeira.

Pessoalmente julgo que o cerne da questão não está nem pode estar no número de elementos que integra o Governo Central, mas, sim, na competência e na capacidade de ação e de resposta aos cidadãos, capacidade essa que, no que respeita à Região, infelizmente tem faltado.

O mesmo é dizer que, depois de seis anos em que fomos deixados “em lume brando” e relegados, pelo Governo da República, para os últimos lugares da tabela no que respeita ao quadro de prioridades nacionais, é tempo de acreditar e de exigir que, com mais ou menos governantes, com mais ou menos pessoas, se abra, também aqui, um novo paradigma político capaz de corresponder às nossas necessidades e legítimas aspirações.

E isto porque, tal como temos vindo a defender, a maioria absoluta alcançada pelo PS a nível nacional não pode nem deve traduzir quaisquer poderes absolutos, mas, sim, a oportunidade de fazer o que não foi feito e que em muito prejudicou a Madeira, ao longo dos últimos anos.

Aquilo que os Madeirenses esperam e precisam é de governantes que, a nível nacional, sejam competentes, solidários e abertos ao diálogo e à concertação com vista à resolução dos problemas. Governantes que sejam autonomistas, que tenham uma só palavra e uma só cara e que, de uma vez por todas, saibam olhar para a Madeira como parte do todo nacional, onde tudo o que se faz de bom também resulta positivo a favor do País.

Governantes que não virem as costas nos momentos de maior dificuldade, que cumpram com os compromissos que assumiram e que, sendo ou não capazes de ajudar, ao menos não travem ou dificultem aqueles que são os nossos projetos e aquela que é a nossa estratégia de desenvolvimento, pensada e assumida em prol do interesse superior desta Região Autónoma.

É isso que se espera, com mais ou menos Ministros ou Secretários de Estado, particularmente numa conjuntura nacional e internacional que obriga a um sentido de Estado ainda maior e a uma responsabilidade substancialmente mais firme para os próximos tempos. Um trabalho que deverá ser assumido em prol da Região e do País, independentemente das cores políticas e dos interesses partidários, num figurino que se espera bem diferente daquele que norteou os últimos seis anos da governação central.

Da nossa parte, reitero, estaremos disponíveis – tal como sempre estivemos – para dialogar, concertar e trabalhar em nome das melhores soluções para a Madeira. Foi isso que o Presidente Miguel Albuquerque assumiu e reafirmou, já por diversas vezes, com vista ao estabelecimento de pontes e plataformas de entendimento com a República que sejam recíprocas e benéficas para a resolução dos diferentes dossiês que se encontram pendentes e que se assumem fundamentais para o nosso futuro.

Estamos e estaremos sempre disponíveis e empenhados para trabalhar, conjuntamente, no encontro dessas mesmas soluções, dispensando a política baixa que os Socialistas de cá teimam em alimentar, na tentativa vã de afirmarem uma influência e uma capacidade de negociação com a República que, também na formação deste Governo, ficaram reduzidas a cinzas, evidenciando, ao contrário do que habitualmente afirmam, que não têm qualquer peso na estrutura nacional.

Aliás, pese embora a cansativa bajulação a António Costa, o marketing e a propaganda recorrente, assim como a crítica destrutiva e não raras vezes desconcertante à governação regional, o PS/Madeira é, hoje, apenas um Partido desesperado para chegar ao poder na Região, que olha para o Governo da República não como um meio de garantir as respostas que faltam aos Madeirenses mas, sim, como a alavanca política para chegar a esse mesmo poder, a qualquer custo.

Não é assim que encaramos o futuro nem muito menos é a qualquer custo que assumimos a nossa atuação, encarando, pelo contrário e com seriedade, as nossas competências e esperando que o Primeiro-Ministro António Costa faça, como diria a música, o que ainda não foi feito.

Respeitando a vontade do povo português, que legitimou esta maioria na República, esperamos que, neste novo ciclo, o interesse superior da Madeira possa estar acima da mesquinha política partidária que tem caracterizado a governação nacional e faremos a nossa parte, exigindo soluções que não se compadecem com mais ou menos elementos, mas, sim, com competência, lealdade, solidariedade, compromisso e responsabilidade.