Madeira

Nomeação de Paulo Cafôfo motiva regozijo e apreensão

Comentadores do ‘Primeira Mão’ partilham impressões sobre a escolha do ex-líder do PS-M para secretário de Estado das Comunidades

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"A nomeação de um madeirense para uma Secretaria de Estado é, num governo português, bastante positiva para a própria imagem da Região". Essa é a convicção de Liliana Rodrigues, Investigadora e antiga eurodeputada socialista.

A comentadora do programa 'Primeira Mão' da TSF considera que "o que o ex-líder do PS-M ganha em visibilidade nacional também ganha em responsabilidade para com a Região". Daí entender que estão agora criadas todas as condições para que as reivindicações da Região sejam realizadas, nomeadamente a vinda do ferry para a Madeira, a redução do IVA, a resolução dívida da Madeira, as questões de mobilidade e a Lei das Finanças Regionais.

PS valoriza mais os madeirenses

“Um elemento desta Região na República é sempre, um motivo de regozijo”, considera por seu lado Sara Madalena. Mas também motiva leitura política. O facto de  Paulo Cafôfo ser nomeado Secretário das Comunidades no novo Governo da República é, independentemente do mais, “um sinal de que os governos PS relevam mais a importância das personalidades políticas madeirenses que aqueles do PSD, o que não deixa de ser curioso visto todos os Governos Regionais desde a implantação da Autonomia serem desta força política”.

Sara Madalena lembra que foi Miguel Silva Gouveia a vaticinar a escolha, no ‘Debate da semana? da TSF, quando indicou Paulo Cafofo como personalidade adequada, segundo o mesmo, para o cargo para o qual haveria de ser nomeado.

Miguel Silva Gouveia lança Paulo Cafôfo para o Governo da República

O vereador eleito pela coligação Confiança no Funchal defendeu a presença de madeirenses no novo Governo liderado por António Costa

Sandra S. Gonçalves , 12 Fevereiro 2022 - 11:32

Contudo, julga ser surpreendente que Cafôfo tenha aceite o desafio, tendo em consideração o anúncio da retirada da vida política ativa aquando da sua demissão em consequência dos resultados das eleições autárquicas. "Só confirma o que sempre consideramos: que se tratou duma precipitação com imediato arrependimento, que se veio a constatar nos tempos subsequentes. Paulo Cafôfo não quis, de facto, abandonar a vida política. E não abandonou", refere.

Neste contexto, lança afirmações e trocas de acusações recentes, plasmadas, por exemplo, na entrevista que concedeu ao DIÁRIO e que levantaram "um burburinho desnecessário, parcos dias após a eleição de Sérgio Gonçalves para a liderança do Partido Socialista" e que na sua óptica, suscitam outras questões: "Será este um “exílio dourado” no sentido de apaziguar as hostes socialistas regionais? Será retribuição pelo melhor resultado alguma vez obtido pelo PS em eleições legislativas regionais, em 2019? Ou um introito ao regresso de Paulo Cafofo como candidato à Presidência do Governo Regional em 2023?

Julga que com Paulo Cafofo nada é previsível, "pelo que resta esperar e desejar os maiores sucessos na nova incumbência".

Uma espécie de 'prémio de consolação'?

Para Francisco Gomes, a nomeação de um madeirense para uma posição no governo da República “gera sempre a expectativa de que as idiossincrasias políticas que são específicas da Região estarão mais fortemente representadas junto do poder central”. Daí julgar que Paulo Cafofo, caso consiga cumprir esse papel, “deve sensibilizar o governo de António Costa para a necessidade de retomar o diálogo com a Madeira e de resolver os muitos assuntos pendentes, então a sua nomeação é cargo de felicidade para todos nós”. 

Porém, deixa um reparo. “Pelo curto percurso público que Paulo Cafofo trilhou até o momento, pelo seu modesto currículo político e académico (quando comparado com outras figuras que têm desempenhado cargos nacionais) e pelas várias derrotas eleitorais que acumulou como líder do PS-Madeira, existem razões suficientes para questionar se ele terá a capacidade para cumprir, com sentido de Estado, as responsabilidades que agora recaem sobre os seus ombros ou se, pelo contrário, estamos apenas perante uma espécie de 'prémio de consolação' que cai no colo de uma pessoa que afirmou publicamente que estava afastado da política".

Também considera que a nomeação de Paulo Cafofo não deixa de ser "um irónico problema para Sérgio Gonçalves, pois confirma que o recentemente-eleito líder do PS-Madeira não é - e dificilmente será - a principal voz dentro dos socialistas da Madeira".  E observa: "Se havia quem já o colocasse em segundo plano face a outras figuras do partido, como, por exemplo, Carlos Pereira, cujo domínio técnico como deputado nacional fala por si, a nomeação de Cafofo para secretário de Estado relega Sérgio Gonçalves para uma espécie de 'terceiro lugar' na hierarquia partidária e deixa antever uma liderança pouco tranquila e, possivelmente, curta. Aliás, a entrevista recentemente dada por Paulo Cafofo ao 'Diário de Notícias' e a facilidade com que criticou, em tons especialmente fortes, alguns dos seus colegas de partido demonstram que o novo secretário de Estado não se sente minimamente condicionado no que diz e no que faz, o que certamente coloca o líder do PS-Madeira numa posição deveras complicada e até embaraçosa".