Encontrada segunda "caixa negra" do Boeing 737-800 que caiu no sul da China
A segunda "caixa negra" do Boeing 737-800 que se despenhou, esta semana, na China, sem sobreviventes entre as 132 pessoas a bordo, foi hoje recuperada, anunciou a agência de notícias estatal chinesa.
"A segunda 'caixa negra' do voo da China Eastern MU5735 foi encontrada", indicou a Xinhua. A primeira "caixa negra" tinha sido recuperada na quarta-feira.
O avião, que se despenhou às 14:38 (06:38 em Lisboa) na segunda-feira, na região de Guangxi, fazia a ligação entre as cidades chinesas de Kunming (sudoeste) e Cantão (sul).
As "caixas negras", que registam todos os dados de um voo, incluindo os diálogos na cabine de comando, contêm informações cruciais e linhas de investigação, que chegam a poder explicar cerca de 90% de um acidente aéreo.
Estes gravadores, introduzidos na aviação nos anos de 1960, encontram-se no interior de caixas metálicas reforçadas, concebidas para resistir a choques extremamente violentos, fogo intenso e longa imersão em águas profundas.
Cada uma das caixas pesa entre sete e dez quilogramas e, ao contrário do que o nome indica, são de cor laranja com bandas brancas refletoras, para que sejam mais visíveis. Os dados são protegidos por uma cinta blindada, que resiste imersa a profundidades de até seis mil metros ou exposta a temperaturas elevadas, uma hora a 1.100º Celsius.
O nome de "caixa negra" ficou a dever-se à película fotográfica protegida por uma cinta negra, usada nos primeiros gravadores de voo.
De acordo com as normas em vigor, um avião comercial possui duas "caixas negras", uma FDR (gravador de dados) e uma CVR (gravador de voz da cabina de comando).
O gravador FDR regista, a cada segundo, todos os parâmetros técnicos ao longo de 25 horas de voo, como velocidade, altitude e trajetória, entre outros.
O CVR guarda os diálogos trocados na cabina de comando, mas também os sons e anúncios ouvidos no local. Uma análise aprofundada permite conhecer o regime dos motores.
Em caso de imersão, as "caixas negras" têm um alarme que emite um sinal de ultrassom, todos os segundos, durante pelo menos 30 dias consecutivos, com um alcance de deteção médio de dois quilómetros.
No sábado, a Administração da Aviação Civil da China confirmou que todas as pessoas a bordo do voo MU5735, 123 passageiros e nove tripulantes, morreram, tendo sido já identificadas 120.
O acidente, em que o avião desceu rapidamente de uma altitude superior a oito mil metros, é considerado muito pouco comum.
Desde 2010 que a China, um dos três principais mercados de aviação civil do mundo, não registava qualquer acidente aéreo com mais de cinco mortes.