Alemanha pondera adquirir sistema de defesa antimísseis
O Governo alemão está a ponderar adquirir um sistema israelita de defesa antimísseis, na sequência da invasão russa da Ucrânia, revelou hoje a presidente do Comité de Defesa do parlamento.
"Dada a ameaça e os vários sistemas de armas de que dispõe a Rússia, é claro que devemos estar interessados, é lógico", declarou Marie-Agnes Strack-Zimmermann ao jornal Welt.
Segundo Marie-Agnes Strack-Zimmermann, "existem diferentes opções, especialmente porque este escudo foi construído para um míssil muito específico, disparado em altitude muito alta, que chega do espaço e que um sistema de defesa convencional não pode ajudar".
"Portanto, é importante tratarmos disso o mais rapidamente possível", acrescentou a responsável, do Partido Liberal, que integra a coligação governamental.
Para a presidente do Comité de Defesa, que se vai deslocar a Israel, este processo deve ser "muito rápido, mas também deve ser discutido com muita seriedade".
A decisão ainda não foi tomada, mas o Partido Social-Democrata, do chanceler Olaf Scholz, principal partido da coligação governamental, é a favor, noticiou hoje o jornal alemão Bild, citado pela AFP.
"Precisamos de nos proteger melhor contra a ameaça russa. Para isso, precisamos rapidamente de um escudo antimísseis à escala da Alemanha ", disse ao jornal o relator do parlamento para o orçamento de defesa, Andreas Schwarz.
Segundo Andreas Schwarz, "o sistema israelita Arrow 3 é uma boa solução", dado que se destina a intercetar mísseis de longo alcance.
O jornal adianta que o sistema tem um custo de cerca de dois mil milhões de euros e poderá estar operacional já em 2025, a partir de três locais na Alemanha.
O escudo de defesa antimísseis deverá mesmo ser suficiente para cobrir também a Polónia, a Roménia e os países bálticos.
"Desempenharíamos, assim, um papel fundamental para a segurança da Europa", assinalou ainda Andreas Schwarz.
Após anos de subinvestimento na Defesa, a Alemanha deu uma volte-face histórico no final de fevereiro, na sequência da invasão da Ucrânia pelo exército russo.
Em 27 de fevereiro, poucos dias após o início da ofensiva russa, Olaf Scholz anunciou um envelope financeiro excecional de 100 mil milhões de euros para modernizar o exército e o objetivo de ultrapassar 2% das despesas militares no Produto Interno Bruto.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou, entre a população civil, pelo menos 1.081 mortos, incluindo 93 crianças, e 1.707 feridos, entre os quais 120 menores, e provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas. Destes, 3,7 milhões foram para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados das Nações Unidas, que alertam para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.