Londres acredita que Rússia quer cercar tropas ucranianas que combatem no Donbass
Londres acredita que a Rússia se prepara para cercar as forças ucranianas em combate na região do Donbass, no leste do país, estando a deslocar tropas das suas posições em Kharkiv, no norte, e Mariupol, no sul.
Segundo um relatório do serviço de informação militar publicado hoje pelo Ministério da Defesa do Reino Unido, a Rússia "parece estar a concentrar os seus esforços em cercar as forças ucranianas que estão a combater nas regiões separatistas no leste do país".
Para tal, Moscovo está a deslocar tropas que estavam colocadas em Kharkiv e Mariupol, onde estão em curso duas das principais batalhas da guerra.
A Rússia afirmou na sexta-feira que o objetivo do seu exército, concluída a primeira fase da guerra, é concentrar-se no Donbass, anúncio que o Governo ucraniano e os seus aliados receberam com ceticismo.
No Donbass, o líder da autoproclamada república separatista de Lugansk, Leonid Paschenik, admitiu hoje a realização, "num futuro próximo", de um referendo sobre a integração do território pró-russo na Rússia.
"Creio que num futuro próximo se celebrará um referendo no território da república, em que as pessoas exercerão o seu direito constitucional absoluto e expressarão a sua opinião sobre se querem unir-se à Federação Russa. Por alguma razão, estou seguro de que isso é exatamente o que acontecerá", disse, citado pela agência oficial TASS.
O Presidente ucraniano, por seu lado, avisou Moscovo de que está a semear um profundo ódio anti-russo entre os ucranianos, à medida que os seus ataques reduzem as cidades do país a escombros, matam civis, empurram outros para abrigos e forçam muitos a procurar comida e água para sobreviver.
"Estás a fazer tudo para que o nosso povo abandone a língua russa, porque a língua russa será agora associada, não são só a ti, mas às tuas explosões e homicídios, aos teus crimes", disse Volodymyr Zelensky num vídeo divulgado no sábado à noite.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou, entre a população civil, pelo menos 1.081 mortos, incluindo 93 crianças, e 1.707 feridos, entre os quais 120 são menores, e provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas, das quais 3,7 milhões foram para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.