A Guerra Mundo

Kiev e Moscovo reconhecem que negociações de paz estão "muito difíceis"

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André Luís Alves / Global Imagens

As diplomacias russa e ucraniana reconheceram hoje que as negociações estão a ser "muito difíceis" e que continua a não haver consensos nas questões mais relevantes, um mês após o início da invasão russa.

"As posições estão a convergir em pontos secundários. Mas nas principais questões políticas, continuamos afastados", disse Vladimir Medinsky, negociador-chefe de Moscovo, citado por agências noticiosas russas.

"O processo de negociação é muito difícil", disse, por sua vez, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, num comunicado, adiantando que não há qualquer "consenso" com Moscovo nesta fase das conversações.

Horas antes deste comunicado, o Presidente turco, Recep Erdogan, tinha assegurado que a Rússia e a Ucrânia haviam concordado em quatro dos seis pontos do documento de negociação, mas Kuleba rejeitou agora esse cenário.

"Não há consenso com a Rússia sobre os quatro pontos mencionados pelo Presidente da Turquia", garantiu Kuleba, saudando, no entanto, "os esforços diplomáticos" turcos "destinados a acabar com a guerra".

Medinsky explicou que Moscovo pretende um "tratado abrangente", tendo em conta as suas exigências de neutralidade, desmilitarização e "desnazificação" da Ucrânia, bem como o reconhecimento da soberania russa da Crimeia e da independência das duas repúblicas separatistas do Donbass.

De acordo com o negociador-chefe russo, a Ucrânia "está essencialmente preocupada em obter garantias de segurança de terceiros, no caso de não poder integrar a NATO", o que Moscovo considera "totalmente inaceitável".

Do lado da diplomacia ucraniana, há agora a esperança de que a Turquia e outros países permaneçam "interessados em restaurar a paz".

Depois de terem começado com reuniões físicas entre delegações, as conversações entre a Rússia e a Ucrânia estão agora a decorrer por videoconferência, quase diariamente.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou, entre a população civil, pelo menos 1.035 mortos, incluindo 90 crianças, e 1.650 feridos, dos quais 118 são menores, e provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas, entre as quais 3,70 milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.

Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.