Kiev pede à UE bloqueio total de transportes com a Rússia, Finlândia acede
A Ucrânia contactou oficialmente a Comissão Europeia (CE) para pedir o bloqueio total das rotas de transporte com a Rússia, alegando que as empresas russas encontram formas de contornar as sanções e continuar a operar noutros países.
"O Ministério das Infraestruturas da Ucrânia enviou um pedido oficial à Comissão Europeia com propostas para aumentar a pressão económica sobre a Rússia e a Bielorrússia", refere um comunicado do ministério divulgado hoje pela agência ucraniana Unian.
As empresas russas encontram formas alternativas e continuam, apesar das sanções, a conduzir operações noutros países. Por isso, o Governo ucraniano pede à União Europeia (UE) o bloqueio total das ligações terrestres e marítimas com a Rússia e a Bielorrússia, através do território comunitário e para além das suas fronteiras.
O comunicado sublinha que "estas medidas são necessárias para privar o país agressor de bens de dupla utilização que podem ser utilizados para fins militares".
Um passo nesse sentido foi dado hoje pela Finlândia, onde a companhia ferroviária nacional anunciou a interrupção do tráfego na linha entre São Petersburgo e Helsínquia.
O último comboio "Allegro" vindo da Rússia deverá chegar à capital finlandesa no domingo, informou o operador nacional VR.
Apesar das sanções europeias contra Moscovo após a invasão da Ucrânia e do encerramento da maioria das rotas aéreas e terrestres, esta ligação ferroviária tinha sido mantida para permitir que cidadãos finlandeses ou russos -- as únicas nacionalidades autorizadas a embarcar -- deixassem a Rússia.
"Até agora, mantivemos o serviço 'Allegro', segundo as recomendações oficiais, para garantir o regresso dos finlandeses à Finlândia", disse Topi Simola, vice-presidente da VR, em comunicado, mas o Governo finlandês considera que decorreu tempo suficiente e que "operar o serviço já não é adequado" tendo em conta as sanções contra a Rússia.
Os comboios, lotados nas primeiras semanas após a invasão da Ucrânia com 700 passageiros por dia, têm nos últimos dias taxas de ocupação mais normais, da ordem dos 60%, segundo a empresa.
Embora não haja dados oficiais, as estimativas indicam que milhares de russos deixaram o seu país após a invasão, especialmente para a Turquia, e a Finlândia era também uma rota frequentemente utilizada.
Uma ligação ferroviária com 100 comboios por mês liga o enclave russo de Kaliningrado ao resto da Rússia através do território da UE (Lituânia), mas os cidadãos russos em trânsito não podem sair quando os comboios param em Vilnius.
A Rússia lançou, na madrugada de 24 de fevereiro, uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou, entre a população civil, mais de 1.000 mortos, incluindo 90 crianças, e mais de 1.500 feridos, dos quais 118 são menores.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.