Ministro da Defesa russo sem tempo para actividades mediáticas
O Kremlin reagiu ontem a notícias sobre "o desaparecimento" do ministro da Defesa, Serguei Shoigu - que não é visto em público há vários dias -, afirmando que este não tem agora tempo para atividades mediáticas.
"O ministro da Defesa tem agora muitas preocupações. Há uma operação militar especial [na Ucrânia]. Por isso, agora não é o momento para atividades mediáticas, isso é bastante compreensível", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
O secretário de imprensa da Presidência russa (Kremlin) foi questionado pela saúde e pelo paradeiro de Shoigu depois de este não aparecer em público e na comunicação social desde 11 de março, no contexto da ofensiva militar da Rússia em curso na Ucrânia desde 24 de fevereiro, segundo o jornalista Dmitri Treshanin, do portal Mediazona.
O mesmo acontece com o chefe do Estado-Maior russo, Valeri Gerasimov.
A agência Novosti indicou, por seu lado, na plataforma Telegram, que Shoigu poderá ter problemas cardíacos, o que não foi, contudo, confirmado pelo Ministério da Defesa ou pelo Kremlin, que hoje remeteu para a instituição militar.
Peskov disse que o ministro participou hoje numa reunião com o Presidente russo, Vladimir Putin - com quem costuma passar alguns dias de férias na floresta siberiana -, no Conselho de Segurança da Rússia e forneceu informações sobre o andamento da "operação militar especial" russa na Ucrânia.
No encontro também foi abordado em pormenor o processo de negociações entre Moscovo e Kiev para um cessar-fogo.
O canal televisivo Vesti 24 emitiu um vídeo de 30 segundos da reunião em que Shoigu aparecia pela primeira vez em 13 dias.
Nas fotografias distribuídas pelo Kremlin também aparece de fato e gravata no ecrã do computador através do qual Putin realizou a videoconferência.
Pouco depois, o Ministério da Defesa informou que o titular da pasta manteve outra reunião com a indústria da defesa por causa das sanções ocidentais impostas ao setor.
A ofensiva militar lançada na madrugada de 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de dez milhões de pessoas, mais de 3,6 milhões das quais para os países vizinhos, de acordo com os mais recentes dados da ONU -- a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
A guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 29.º dia, causou um número ainda por determinar de mortos civis e militares e, embora admitindo que "os números reais são consideravelmente mais elevados", a ONU confirmou hoje pelo menos 1.035 mortos e 1.650 feridos entre a população civil.