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Livro 'Calçada Madeirense' afirma identidade cultural

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“A Calçada Madeirense constitui uma autêntica referência histórica e patrimonial do Arquipélago da Madeira e representa bem a singularidade em termos de geodiversidade dos territórios insulares respetivos. Todavia, por vezes, a Calçada Madeirense é confundida com a Calçada Portuguesa, apesar de ambas serem muito distintas. A Calçada Madeirense utiliza essencialmente pedra rolada, seixo e/ou calhau, e pedra navalheira, peculiaridades que a distinguem de qualquer outra Calçada”. É desta forma que os três autores deste trabalho científico, descrevem a obra que se debruça sobre um património cultural nunca descrito e explicado, como agora, ao público português e estrangeiro.

Trata-se de um livro, em português e em inglês, apresentado esta quinta-feira no Salão Nobre do Parlamento madeirense, de autoria dos investigadores João Baptista, engenheiro geólogo, Celso Gomes, professor de Ciência Geológicas e de José Luís de Gouveia e Freitas, matemático, falecido esta semana e que cujo o trabalho académico foi enaltecido na apresentação da obra ‘Calçada Madeirense: Bordados a Preto e Branco'. “A melhor homenagem que podemos prestar ao José Luís é precisamente que este livro tenha a maior divulgação possível, porque ele também é fruto do seu trabalho”, enfatizou o Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira.

João Baptista realçou, ainda, o caráter interdisciplinar da obra, apontando, também as referências históricas no qual de baseou esta pesquisa. “Nos séculos XV – XVI já se executavam pavimentos com materiais pétreos, essencialmente de calhau rolado, recolhidos em praias do arquipélago da Madeira. As descobertas ocorridas nas escavações arqueológicas realizadas em 1989, na praça Cristóvão Colombo e no atual edifício do Tribunal de Contas, Secção Regional da Madeira e, ainda, nas escavações realizadas entre 2013 e 2016, no Largo do Pelourinho, nas obras de recuperação do edifício da Junta de Freguesia de Machico realizadas em 2000, e nas escavações realizadas nas cozinhas do Convento de Jesus e no Pátio do Museu de Aveiro, em 2001”.

Este foi também um momento de homenagem aos calceteiros, alguns que continuam na atualidade a transmitir os conhecimentos de um passado longínquo, e que durante o dia da apresentação do livro estiveram na Assembleia Legislativa da Madeira a recriar uma cultura de séculos. “Do Arquipélago da Madeira saíram grandes mestres calceteiros que levaram para longínquos territórios, na procura de melhores condições de vida ou por espírito de aventura, a sua arte de saber bem conceber e construir pavimentos com elementos pétreos rolados recolhidos em praias, desde a descoberta do chamado ‘Novo Mundo’, e mais tarde, no século XX, para o Brasil, Curaçau, África de Sul, Venezuela e Havai”, explicou João Baptista.

Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira enaltece obra

José Manuel Rodrigues começou por felicitar o trabalho dos autores “que passa a ser uma referência na divulgação do nosso património cultural, em particular do património geológico”.

O livro ‘Calçada Madeirense: Bordados a Preto e Branco’ começou a ser pensado em 2004, mas só agora, também com o apoio do Parlamento madeirense, foi publicado. “Este livro é uma originalidade e tem a singularidade do nosso património que faltava divulgar, inventariar, estudar e conhecer”, salientou o Presidente do Parlamento madeirense. “Quanto mais conhecermos esta identidade cultural mais força temos para almejar a conquista de mais Autonomia, como é o nosso objetivo”, vincou. “Hoje na nossa casa projetamos a nossa história e hoje também se faz História”, concluiu José Manuel Rodrigues.

Eduardo Jesus salienta importância de fazer chegar a investigação à população

Eduardo Jesus ressalvou, hoje, a importância de colocar junto da população em geral o produto da investigação científica. “A investigação é o primeiro passo, é fundamental e sem ela não se produz o conhecimento”, frisou o governante, acrescentando que esta muitas vezes fica fechada ao acesso da população.