Mário Centeno confiante de que subida da inflação não se irá transmitir aos salários
O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, mostra-se convicto de que a subida generalizada dos preços não se irá transmitir aos salários, evitando uma espiral da inflação.
"Não há efeitos de segunda ordem identificados na evolução dos salários ao longo da projeção [entre 2022 e o final de 2024]", disse hoje Centeno durante a conferência de imprensa de apresentação do boletim económico de março, no Museu do Dinheiro, em Lisboa.
O responsável do regulador bancário destacou que no boletim económico, hoje divulgado, prevê-se que "os salários estão alinhados com a produtividade" até ao final de 2024.
De acordo com o boletim económico de março, no cenário central, a instituição liderada por Mário Centeno estima que a inflação aumente em 2022 para 4%, antes de se reduzir para 1,6% em 2023 e 2024, mas não espera que os salários acompanhem este aumento.
Para Mário Centeno, "a forma como na Europa se respondeu à crise pandémica, apostando na preservação das relações laborais pre-existentes, não destruindo postos de trabalho de forma equivalente à crise económica, requereu a participação de um esforço público, coletivo em programas como o 'lay-off' simplificado, mas permitiu também que não se destruísse capital humano nas empresas porque foram capazes de reter os seus trabalhadores" e "não se iniciou na Europa como nos EUA um ciclo de novas contratações".
Ainda assim, porque, diz, "não há nenhum banco central que não goste de sublinhar a necessidade de evitar que esses efeitos de segunda ordem aconteçam", alertou para que existem países na zona euro onde tal se verifica.