Bispo invoca Carlos d’Aústria como “intercessor da paz para a humanidade”
O bispo do Funchal, D. Nuno Brás, abriu, esta quinta-feira, um ano jubilar dos cem anos do falecimento do beato Carlos d’Áustria, com a celebração de uma missa solene na Igreja do Monte.
“Há cem anos — passam no próximo dia 1 de Abril — morria, aqui bem perto, na Quinta do Monte, o ‘Santo Imperador’ Carlos de Áustria. Ele próprio resumiu deste modo a sua vida, numa das suas últimas palavras, dirigidas à sua esposa, a Imperatriz Zita: “Quero dizer-te claramente: eu procuro sempre e unicamente conhecer a vontade de Deus, sempre e em todas as coisas, o melhor possível, e segui-la de modo mais perfeito”. Eis a síntese da vida de um santo. Quer dizer: de um homem, pai de família e governante, que deixou que a sua existência fosse moldada pelo amor divino e, desse modo, falasse, fosse presença de Deus, Palavra viva, Verbo feito carne! Ou seja: este homem, rico e poderoso, que morreu pobre e abandonado pela maioria (que não pelo povo madeirense, que sempre o acompanhou durante a sua estada na nossa Ilha), tornou-se de verdade numa presença de Cristo. A sua carne — a sua vida, as suas palavras, o modo como vivia e como agia, o cuidado pela sua família — toda a sua existência se viu transformada em verdadeira palavra que mostrava como Deus está bem presente, a partilhar a nossa vida, no nosso mundo”, exaltou D. Nuno Brás na homilia desta tarde.
Citanto o Papa Francisco, o bispo do Funchal relevou também que “Carlos de Áustria foi antes de tudo um bom pai de família, e como tal um servidor da vida e da paz”, acrescentando que o beato “conheceu a guerra, por ter sido soldado no início da Primeira Guerra Mundial”.
“Tendo assumido o reino em 1916, e sendo sensível à voz do Papa Bento XV, prodigalizou-se com todas as forças na luta pela paz, à custa de ser incompreendido e escarnecido. Também nisto ele nos oferece um exemplo mais actual do que nunca, e podemos invocá-lo como intercessor para obter de Deus a paz para a humanidade”, sublinhou D. Nuno Brás numa alusão à invasão da Ucrânia.
As comemorações do primeiro centenário do falecimento do beato Carlos d’ Áustria iniciam-se este mês de Março e decorrem até 1 de Abril de 2023. O programa foi preparado pela Secretaria Regional de Turismo e Cultura, com a colaboração da Diocese do Funchal e ainda com o apoio da Câmara Municipal do Funchal e da Junta de Freguesia do Monte.
O Beato Carlos I, imperador da Áustria e Rei da Hungria, e a sua esposa, Zita de Bourbon-Parma, chegaram à Madeira a 19 de Novembro de 1921. O Imperador passou os últimos quatro meses de vida na ilha, tendo falecido no Monte a 1 de Abril de 1922, vítima de grave doença respiratória. A 3 de Outubro de 2004 foi beatificado pelo Papa João Paulo II.