Zelensky diz que países vizinhos da Rússia estariam em perigo sem resistência ucraniana
O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse hoje, num discurso ao Parlamento sueco, que sem a resistência ucraniana contra a invasão russa todos os vizinhos da Rússia estariam em perigo.
"Se a Ucrânia não resistisse, não se defendesse (...), isto significaria que todos os vizinhos da Rússia estariam em perigo a partir de agora", disse Zelensky dirigindo-se aos deputados suecos por videoconferência.
"Isso significaria que vocês [suecos] estariam em perigo, porque só o mar os separa dessa política agressiva" da Rússia, sublinhou.
Zelensky citou emissões de canais de televisão na Rússia, nas quais especialistas falavam abertamente sobre um ataque a Gotland, uma ilha sueca estrategicamente localizada no meio do Mar Báltico.
"A Rússia entrou em guerra com a Ucrânia porque quer ir mais longe na Europa, quer destruir a liberdade na Europa", afirmou o Presidente ucraniano.
O chefe de Estado ucraniano também pediu que todas as semanas sejam impostas novas sanções contra a Rússia.
"Para que a paz chegue mais rapidamente, os conjuntos de sanções deviam ser aprovados semanalmente", disse.
"Nenhum barril de petróleo russo, nenhum navio russo nos seus portos (...), os meios de subsistência da sua máquina de guerra devem ser cortados", salientou o líder ucraniano.
Zelensky agradeceu o apoio da Suécia, que rompeu pela primeira vez, desde 1939, com a sua doutrina de não entregar armas a um país em guerra.
Evocando as cores idênticas das bandeiras dos dois países, Zelensky foi ovacionado de pé pelos deputados suecos antes e depois do seu discurso.
A Suécia, que não é membro da NATO e oficialmente é um país não alinhado, anunciou hoje uma segunda entrega de 5.000 armas antitanque à Ucrânia.
A invasão russa na Ucrânia provocou uma mudança histórica na opinião dos suecos, que agora são a favor da adesão à NATO, embora a primeira-ministra sueca, Magdalena Andersson, tenha excluído, por enquanto, a apresentação de uma candidatura à Aliança AtlÂntica.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 977 mortos, dos quais 81 crianças e 1.594 feridos entre a população civil, incluindo 108 menores, e provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas, entre as quais 3,6 milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.