Helena Carreiras defende que paz deve ser "referencial inalienável" de qualquer acção estratégica
Helena Carreiras vai ser a primeira mulher a exercer o cargo de ministra da Defesa Nacional
A futura ministra da Defesa Nacional e investigadora, Helena Carreiras, defendeu hoje que é fundamental ter a paz como "referencial inalienável" de qualquer ação estratégica mesmo quando se pensa o reforço da Defesa.
A ainda diretora do Instituto de Defesa Nacional (IDN) falava numa conferência 'online' organizada por esta instituição sob o tema "A Guerra na Ucrânia e a crise internacional", que vai ser abordado esta quinta-feira por várias personalidades, como investigadores, jornalistas ou ex-governantes.
"Se a guerra não é a preto e branco teremos aqui a oportunidade de ouvir e conversar com quem nos traz uma visão com cores, cheiros, sons, desses territórios da mais profunda humanidade da guerra, a lembrar-nos como é fundamental continuar a ter a paz como referencial último e inalienável de qualquer ação e reflexão estratégica, mesmo quando pensamos no reforço da nossa defesa e dos instrumentos para essa defesa", sustentou.
No seu discurso de abertura, Helena Carreiras referiu que "não é fácil organizar uma conferência em que se procura analisar os impactos de uma guerra em curso".
"Sobretudo de uma guerra apercebida como muito próxima da qual nos sentimos parte. Uma guerra que desafia as bases materiais e de valores sob os quais construímos as nossas sociedades e a ordem internacional desde meados do século XX e que agora nos parece desmoronar-se", disse.
Não é fácil olhar com "distância analítica", continuou, para acontecimentos que causam "profundas emoções", quando chegam "com uma intensidade avassaladora as imagens da dor, do sofrimento e da devastação" ou "quando o medo e a insegurança se transformam num perigoso combustível para a ação".
"E, contudo, é essa a nossa obrigação enquanto observadores, analistas, investigadores e decisores. A de compreender para informar a ação, a de pensar para além da espuma dos dias, do imediato e da ação expressiva. A de refletir em conjunto e produzir contributos, não já infelizmente para evitar, mas quem sabe, para corrigir erros, redirecionar percursos e mitigar os efeitos desta guerra e da crise internacional que gera", acrescentou.
O primeiro-ministro, António Costa, apresentou na quarta-feira ao Presidente da República a composição de um Governo com 17 ministros, menos dois do que no anterior.
Helena Carreiras vai ser a primeira mulher a exercer o cargo de ministra da Defesa Nacional, segundo a lista do XXIII Governo Constitucional proposta por António Costa e aceite pelo Presidente da República.
Natural de Portalegre e licenciada em sociologia pelo ISCTE, desde julho de 2019?diretora do Instituto de Defesa Nacional (IDN), vai suceder nesta pasta a João Gomes Cravinho e será a terceira na hierarquia do executivo.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 977 mortos, dos quais 81 crianças e 1.594 feridos entre a população civil, incluindo 108 menores, e provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas, entre as quais 3,60 milhões para os países vizinhos, indicam os mais recentes dados da ONU.
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.