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China deve abdicar de "combater o vírus a qualquer custo"

Foto EPA/JEROME FAVRE
Foto EPA/JEROME FAVRE

A China deve abdicar de "combater o vírus a qualquer custo", defendeu hoje o epidemiologista Zhang Wenhong, numa altura em que o país voltou a impor restritas medidas de confinamento face ao aumento dos casos.

O especialista, um dos rostos mais conhecidos no combate à pandemia no país asiático, explicou, através da sua conta na rede social Weibo, que normalizar a vida da população deve receber a mesma atenção que o combate à pandemia.

A estratégia chinesa baseia-se no encerramento praticamente total das fronteiras, isolamento de todos os infetados e contactos próximos, e medidas de confinamento e testes em massa sempre que um caso é detetado.

As declarações de Zhang ocorrem numa altura em que a cidade de Xangai soma um número sem precedentes de infeções.

A cidade detetou, nas últimas 24 horas, mais de 900 casos assintomáticos. Vários bairros foram colocados sob confinamento.

Zhang admitiu que a cidade "está a passar por dificuldades".

"Não posso fingir que não há dificuldades, mas estamos constantemente a aprender e melhorar, à medida que a pandemia muda", apontou.

Na mensagem, intitulada 'O coronavírus não é assustador, mas combatê-lo é difícil', Zhang apontou a dificuldade de "eliminar o vírus e sustentar a economia", acrescentando que "Xangai não adotará uma abordagem uniforme" para todas as situações.

Zhang afirmou que o trabalho da China contra a pandemia está "a entrar numa nova fase" e que as medidas, que implicam a "paralisia da atividade económica e da vida quotidiana de regiões inteiras", vão ser "atualizadas".

Nas últimas semanas, algumas vozes na China sugeriram um possível ajuste na política de "tolerância zero" à covid-19, face à disseminação da variante altamente contagiosa Ómicron no país, que causou números sem precedentes de infeções desde o início de 2020.

O epidemiologista Zeng Guang, ex-chefe do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças, afirmou recentemente que "as restrições não durarão para sempre" e que a China "apresentará o seu roteiro para coexistir com o vírus no momento apropriado".

No entanto, o chefe do grupo de especialistas que lidera a estratégia chinesa, Liang Wannian, explicou esta semana à televisão estatal CCTV que a estratégia de zero casos, que proporciona à China "uma janela temporária" durante a qual "vacinas e medicamentos progridem", permanecerá em vigor.

O Presidente chinês, Xi Jinping, pediu na semana passada que a estratégia do país contra a pandemia seja mais "científica e específica" e que o impacto "no desenvolvimento social e económico" seja minimizado.

De acordo com os números oficiais, desde o início da pandemia, 139.285 pessoas foram infetadas no país, entre as quais 4.638 morreram.