Parlamento russo vai investigar denúncias sobre armas químicas
O parlamento russo vai investigar alegações de que os Estados Unidos financiaram laboratórios de armas químicas na Ucrânia, uma acusação que Washington diz ser uma tática de Moscovo para justificar a sua utilização na guerra contra Kiev.
A comissão, que terá cerca de 30 membros de ambas as câmaras do parlamento, a Duma e o Senado, será chefiada por dois representantes do partido Rússia Unida, no poder, segundo a agência francesa AFP.
A Rússia denunciou que o seu exército detetou vestígios da eliminação de provas da existência de um programa biológico militar financiado pelos Estados Unidos em território ucraniano.
O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, exigiu hoje explicações dos Estados Unidos pelo seu interesse nos antigos laboratórios biológicos soviéticos.
Lavrov disse que os Estados Unidos também pretendiam modernizar as instalações do tempo da União Soviética no Cazaquistão.
A pedido da Rússia, o Conselho de Segurança da ONU reuniu-se de urgência em 11 de março, para debater a alegada existência de laboratórios de armas químicas na Ucrânia.
Na altura, a ONU negou ter conhecimento de quaisquer programas ilegais de armas químicas e biológicas na Ucrânia, e vários diplomatas acusaram Moscovo de ter convocado o Conselho de Segurança para divulgar mentiras e desinformação.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) também declarou desconhecer quaisquer atividades de Kiev que fossem "inconsistentes com as suas obrigações de tratados internacionais, incluindo sobre armas químicas ou biológicas".
Tanto Washington como Kiev negaram as acusações, que atribuíram a uma estratégia de Moscovo para justificar a eventual utilização de armas químicas na Ucrânia, face à resistência que as suas tropas têm encontrado no país que invadiram em 24 de fevereiro.
O presidente da câmara de Irpin, Oleksandr Markushyn, denunciou hoje que o exército russo utilizou fósforo branco - uma arma química ilegal, segundo a Convenção de Armas Químicas de 1997 - perto daquela cidade e Gostomel, na região metropolitana de Kiev.
Horas antes, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, repetiu o alerta de que existe uma "ameaça real" de que a Rússia use armas químicas na Ucrânia.
Nos últimos dias, Washington insistiu no risco de Moscovo vir a usar armas químicas como parte de uma "operação de bandeira falsa", referindo-se a uma tática de guerra na qual uma parte em conflito comete um ato e faz parecer que foi a outra parte que o realizou.
Também o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, disse hoje esperar que os aliados concordem em fornecer apoio adicional à Ucrânia, incluindo equipamento contra armas químicas e biológicas.
A NATO vai discutir a guerra na Ucrânia numa cimeira extraordinária na quinta-feira, em Bruxelas, onde também se reúnem, no mesmo dia, os líderes da União Europeia e do G7 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido).
Joe Biden vai participar nas três cimeiras, a título de convidado no caso do Conselho Europeu.
A guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 28.º dia, provocou um número por determinar de baixas civis e militares, bem como mais de 3,6 milhões de refugiados.