França propõe fundo mundial para ajudar países mais afectados pela escassez de cereais
A França vai propor aos parceiros europeus e às sete principais economias mundiais (G7) a criação de um fundo internacional de ajuda aos países mais afetados pela escassez de cereais devido à invasão russa da Ucrânia, foi hoje divulgado.
O anúncio foi feito pelo porta-voz do Governo francês, Gabriel Attal, após uma reunião do Conselho de Ministros, que decorreu no Palácio do Eliseu.
Segundo o porta-voz, este mecanismo, a ser proposto pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, será similar ao COVAX, que organizou a partilha e a entrega de vacinas contra a doença covid-19 pelos países mais pobres.
"A crise alimentar poderá provocar, se não houver uma ação concertada, fome profunda, dramas humanitários e mudanças políticas", disse Gabriel Attal, em declarações aos jornalistas após o Conselho de Ministros.
Estas dificuldades podem sentir-se de forma mais acentuada nos países da África subsariana e do Médio Oriente, dependentes dos cereais procedentes da Ucrânia e da Rússia.
Quanto à ajuda humanitária da França à Ucrânia, Gabriel Attal detalhou que já foram enviadas 55 toneladas de ajuda humanitária e vão chegar nos próximos dias veículos de bombeiros, veículos de primeiros socorros e 21 ambulâncias.
Os líderes do G7 (Estados Unidos, Canadá, Japão, Reino Unido, França, Itália e Alemanha) vão reunir-se na quinta-feira em Bruxelas, com o Presidente norte-americano, Joe Biden, a marcar presença no encontro.
Na quinta-feira, a capital belga também recebe uma cimeira extraordinária da NATO e uma reunião do Conselho Europeu.
A ofensiva militar lançada na madrugada de 24 de março pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de dez milhões de pessoas, mais de 3,6 milhões das quais para os países vizinhos, de acordo com os mais recentes dados da ONU -- a maior e mais rápida crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
A guerra na Ucrânia, que entrou hoje no 28.º dia, causou um número ainda por determinar de mortos civis e militares e, embora admitindo que "os números reais são consideravelmente mais elevados", a organização confirmou hoje pelo menos 977 mortos e 1.594 feridos entre a população civil, incluindo mais de 170 crianças.