Quase 5.000 provas de crimes de guerra recolhidas
A Ucrânia já recolheu quase cinco mil provas de crimes de guerra cometidos pela Rússia e apresentadas por cidadãos, cujo testemunho é "inestimável", informou hoje a Procuradoria-Geral da República ucraniana.
Desde a criação da plataforma agregadora warcrimes.gov.ua para recolha de informações sobre crimes de guerra cometidos pela Rússia na Ucrânia, "os cidadãos apresentaram 4.935 elementos de prova de crimes de guerra e crimes contra a humanidade", referiu a PGR através da sua conta na rede Telegram.
Na mensagem que foi depois divulgada pela agência ucraniana Ukrinform, a Procuradoria-Geral da República agradece aos cidadãos por não serem "indiferentes" e afirma que "hoje, cada ucraniano é uma testemunha valiosa e, num futuro próximo, membro de uma equipa de muitos milhões".
"Todo o país se junta na recolha de provas das atrocidades dos invasores russos. O Ministério Público, os organismos estatais e de aplicação da lei, as organizações dos direitos humanos e da sociedade civil, especialistas, instituições internacionais, jornalistas e cidadãos comuns têm a possibilidade de agir como uma frente unida para documentar os terríveis crimes cometidos pelo agressor russo", refere ainda a mensagem.
O princípio de funcionamento da plataforma é simples e permite fornecer informações com fotos e vídeos de crimes de guerra dos quais as pessoas tenham sido testemunhas ou vítimas.
O sistema garante total confidencialidade, proteção de dados pessoais e preservação de provas.
O Ministério Público sublinha a importância de todas as provas serem recolhidas "de forma qualificada" e apresentadas "de acordo com as normas internacionalmente reconhecidas".
Todas as informações recolhidas podem ser futuramente utilizadas pelo Tribunal Penal Internacional de Haia, tribunais ucranianos, eventuais tribunais internacionais 'ad hoc', bem como pelo Tribunal Internacional de Justiça da ONU e o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, acrescenta a declaração.
A agência Ukrinform recorda que a procuradora-geral ucraniana, Irina Venediktova, informou que sete países já iniciaram uma investigação sobre crimes de guerra cometidos pela Rússia na Ucrânia.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 953 mortos e 1.557 feridos entre a população civil, incluindo mais de 180 crianças, e provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas, entre as quais 3,53 milhões para os países vizinhos, indicam os mais recentes dados da ONU.