A Guerra Mundo

Rússia acusa Estados Unidos de dificultar negociações Moscovo-Kiev

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Moscovo acusou hoje os Estados Unidos de estar a dificultar as "já difíceis" negociações russo-ucranianas para terminar a guerra, considerando que o objetivo de Washington é "dominar a ordem mundial", inclusive através de sanções.

"As negociações são difíceis, o lado ucraniano está constantemente a mudar de posição. É difícil não ficar com a impressão de que os norte-americanos os estão a levar pela mão", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, durante uma palestra numa universidade.

Segundo Lavrov, os Estados Unidos estão interessados em prolongar "o mais possível" o atual conflito militar também porque "querem continuar a fornecer armas à Ucrânia".

"Os norte-americanos assumem simplesmente que não é lucrativo terminar este processo rapidamente", acrescentou, criticando o Ocidente por "'regar' a Ucrânia com armas" com a intenção de "manter Moscovo e Kiev em situação de combate o mais tempo possível".

"Muitos gostariam de garantir que as negociações entrassem num impasse", insistiu o chefe da diplomacia russa, apontando o dedo à Polónia, um dos principais apoiantes da Ucrânia.

Admitindo ter ficado "impressionado" com a extensão das sanções ocidentais adotadas contra a Rússia na sequência da sua ofensiva na Ucrânia, Lavrov referiu que essas medidas são vistas como uma forma de "retirar a Rússia do caminho para poder ter um mundo unipolar".

A questão central para os Estados Unidos não é a Ucrânia, mas "a ordem mundial, que os Estados Unidos querem dominar", disse.

A Rússia lançou, a 24 de fevereiro, uma ofensiva militar na Ucrânia, depois de meses a concentrar militares e armamento na fronteira com a justificação de estar a preparar exercícios.

A guerra já matou pelo menos quase mil civis e feriu cerca de 1.500, incluindo mais de 170 crianças, de acordo com as Nações Unidas. Além disso, o conflito provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas das suas casas, entre as quais mais de 3,5 milhões para os países vizinhos.

Segundo a ONU, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.